A geração distribuída (GD) no Brasil tem se consolidado como um dos pilares da transição energética, especialmente devido ao crescimento expressivo de sistemas solares fotovoltaicos.
Desde a regulamentação do setor em 2012, milhões de consumidores aderiram à GD em busca de economia, autonomia energética e uma alternativa sustentável ao consumo de eletricidade.
Em 2024, a capacidade instalada do setor atingiu 31,2 GW, o que posiciona o Brasil como referência. Projeções para 2025 indicam que o setor continuará em alta, com expectativa de crescimento de 25,6% na capacidade solar instalada, investimentos de mais de R$ 39 bilhões e a geração de aproximadamente 400 mil empregos.
Os consumidores têm encontrado na GD uma solução não apenas para reduzir suas despesas com eletricidade, mas para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas. Apesar dos benefícios, o rápido crescimento trouxe desafios técnicos e econômicos para o sistema elétrico brasileiro.
Um dos principais problemas está relacionado à inversão do fluxo de energia, que ocorre quando o excedente gerado pelos sistemas GD é exportado para a rede. Essa dinâmica pode causar sobrecargas, flutuações de tensão e desgaste em equipamentos de distribuição. Consumidores sem GD acabam arcando com uma parcela maior dos custos de manutenção da infraestrutura elétrica, enquanto as concessionárias enfrentam dificuldades financeiras para modernizar a rede.
A solução para esses desafios exige uma abordagem integrada. Outra estratégia é o incentivo ao armazenamento local de energia. A adoção de baterias pode minimizar os impactos técnicos da inversão do fluxo, reduzindo a necessidade de exportar excedentes para a rede.
A modernização da infraestrutura elétrica por meio de redes inteligentes também é fundamental.
O futuro da GD no Brasil é promissor, mas exige um equilíbrio cuidadoso entre os benefícios que proporciona.
Com políticas bem estruturadas, avanços tecnológicos e investimentos estratégicos, a GD pode consolidar-se como um elemento-chave da transição energética brasileira, promovendo o desenvolvimento sustentável, a justiça tarifária e a modernização do setor elétrico.
Assim, será possível garantir que os benefícios dessa transformação alcancem todos os consumidores, reforçando o papel do Brasil como líder global em energias renováveis.
Adão Linhares, presidente da Energo Soluções em Energia