Para Eugênia Pinho Marinho, de 80 anos, a questão da mobilidade é um dos pontos centrais quando avalia uma cidade mas acolhedora para idosos.Ela trabalhou durante 26 anos em uma loja no Centro de Fortaleza e se aposentou mais cedo para cuidar da mãe e, depois, do pai.
"Não saio muito porque tenho problema nas pernas e posso cair. Eu tenho ansiedade. O médico disse que tem a ver também. A última vez que eu cai, saiu sangue na cabeça. Vou fazer um exame para ver como está", conta.
Eugênia tinha uma vida ativa mas, com o tempo, os passeios ficaram mais raros justamente pela dificuldade de locomoção, como acontece com muitos idosos. Moradora do Conjunto Ceará, ela conta que costuma ir à igreja."Vou para a missar andando devagarinho, que é perto, e volto de carona. Tem muito idoso", conta.
Outra questão apontada pela aposentada é a falta de valorização das pessoas idosas na sociedade. "Idosos deveriam ser mais valorizados. O idoso é muito esquecido, até dentro da família. É colocando para escanteio", lamenta.
Reginaldo Pereira da Costa, de 65 anos, mora no Barrocão,no município de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com a esposa Maria do Socorro, de 60 anos, que é cadeirante.
Para eles, a questão da dificuldade de locomoção também é um empecilho para as atividades diárias. "Ficamos mais em casa e na casa das filhas. Quando podemos, vamos no Centro. A gente não tem carro. Temos que usar o coletivo mesmo. Quando temos dinheiro, pegamos o Uber", relata.
Calçadas niveladas e rampas de acesso fazem enorme diferença para o casal. "Os ônibus gora estão melhores, antes era muito ruim. Nós sofremos muito. Não tinha elevador. Graças a Deus, agora todos tem. As calçadas são difíceis. Hoje mesmo fui fazer uma avaliação e a gente veio andando no calçamento. Com as chuvas, fica pior", compartilha Maria do Socorro.