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Preço Comparado: diferença de preço nos hortifrútis pode chegar a 183,9% em junho
Reportagem

Preço Comparado: diferença de preço nos hortifrútis pode chegar a 183,9% em junho

A batata-doce, por exemplo, no período da pesquisa chegou a ser encontrada por R$ 2,99 e R$ 8,49, em estabelecimentos diferentes
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A batata-doce foi a que mais variou de preço entre os supermercados (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves A batata-doce foi a que mais variou de preço entre os supermercados
 

 

Os produtos de hortifrúti foram os que mais variaram de preços nos supermercados de Fortaleza, com diferenças de até 183,9% em junho. Ou seja, dependendo do estabelecimento escolhido pelo consumidor, é possível gastar quase três vezes mais na compra de um mesmo item.

É o que aponta o levantamento do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), que consultou estabelecimentos da Capital de 2 a 16 de junho, com análise do Jornalismo de dados do O POVO, por meio do projeto Preço Comparado.

A pesquisa pública do órgão compara os valores de, aproximadamente, 100 produtos em 36 lojas da Capital, mas O POVO fez o recorte dos 20 itens de hortifrúti que mais variaram de valor entre 13 supermercados selecionados.

 

Compare os preços nos supermercados por produto ou categoria

 

No período, o quilo da batata-doce teve a maior variação percentual, com uma diferença de 183,9%. O preço no supermercado mais caro (Guará Supermercado - Praia de Iracema) foi de R$ 8,49. Já no mais barato (Centerbox Supermercados - Jangurussu) foi de R$ 2,99. Entre os dois itens, a economia pode chegar a 64,78%.

Em seguida, aparece a laranja-pera, a qual o quilo, pode ser encontrado por até R$ 6,59, no Pão de Açúcar (Aldeota), montante, 175,7% maior do que o seu valor mínimo de R$ 2,39, comercializado no Frangolândia Supermercados (Varjota).

Os demais produtos possuem variações entre 129,6%, no quilo do mamão formosa, e 37,7%, na cebolinha. Em relação aos supermercados, o Guará Supermercado, da Praia de Iracema, foi o mais caro, nele foram encontrados 13 dos 20 maiores preços, já o mais barato foi o Frangolândia Supermercados, da Varjota, com sete dos itens com os menores valores.

 

Evolução dos preços dos produtos em destaque (mínimo, médio e máximo), entre Junho de 2024 e Junho de 2025

 

 

Conforme explica o analista de mercado da Companhia de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, os preços dos hortifrútis possuem uma flexibilidade muito forte, pois o custo aplicado pela loja varia devido a diversos fatores.

“A depender da variedade que for comercializada, a embalagem, a qualidade do produto e também o tipo. Se ele é de origem de outros estados, isso aí acarreta uma logística com preços mais elevados, tem uns que vêm de regiões de até 3.500 km de distância”, destaca.

Outro ponto são as localidades, o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), Matheus Peçanha, afirma que normalmente bairros mais valorizados vendem os produtos por preços maiores.

“Isso pode ser exemplificado quando a gente observa o valor de determinados produtos na praia, pois eles costumam ir diminuindo com a distância. Assim, na areia da praia o custo será maior do que no quarteirão mais afastado, ou seja, existe uma diferença de preço para o mesmo produto de acordo com a região, e isso também acontece com os estabelecimentos”, ressalta o pesquisador.

 

Qual o supermercado mais caro e mais barato para cada produto?

 

 

 

Carnes e ovos podem dobrar de valor dependendo do local

Nesse contexto de variações de preços, dependendo dos estabelecimentos, as carnes e os ovos também se destacam. Considerando os três tipos de carnes analisados, coxão mole, coxão duro e lombo com osso, e as caixas de 20 e de 30 ovos, a mudança pode ser de até 107,6%, ou seja, o dobro.

A título de comparação, a caixa de 30 ovos pode ser encontrada nas prateleiras por R$ 35,9, no Pão de Açúcar, enquanto no Supermercado Martri, ela custará R$ 17,29.

Vale destacar, inclusive, que o produto está entre os dez que mais aumentaram de preço médio no 1º semestre de 2025, passando de R$ 20,96 em janeiro para R$ 23,89 em junho, com uma alta de 14%.

O mesmo acontece com as carnes, o coxão mole, por exemplo, pode oscilar até 97% entre os supermercados, sendo comercializado no Supermercado São Francisco por R$ 33,49 e no Mercadinho São Luiz por R$ 65,99.

Entretanto, por mais que essas diferenças causem estranhamento no consumidor, a presidente-executiva do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, explica que é comum haver essa disparidade de preços nos supermercados, devido à “liberdade econômica”.

O que não pode ocorrer, segundo Eneylância, é o aumento do preço de um produto no mesmo estabelecimento sem justificativa, pois isso se configuraria como “prática abusiva”.

“Se nós, ao acompanharmos os preços, percebemos que essa grande variação foi encontrada no mesmo supermercado, tipo num dia está sendo cobrado um tanto, e no dia seguinte, o produto está sendo vendido por três vezes o valor, aí sim iremos notificar esse estabelecimento para saber o motivo do aumento”, afirma.

 

Produtos que ficaram mais caros em 2025

 

 

Complementando que caso a alta não tiver justificativa, o local pode ser penalizado. “É aberto um processo administrativo e, dentro desse processo, ele tem diversas penalidades, desde uma advertência com uma multa que pode chegar até R$ 18 milhões, até uma própria interdição do comércio”.

Ela destaca, inclusive, a importância dos compradores para essa fiscalização, ressaltando que caso isso seja percebido ele deve comunicar ao gerente do estabelecimento e paralelo a isso realizar a denúncia.

 

 

Mais de 70% dos produtos tiveram altas acima da inflação

Dos produtos que compõem a pesquisa do Procon Fortaleza, 64 ficaram mais caros e 33 mais baratos no semestre, com uma variação média de 3,55%.

A taxa foi 0,88 ponto percentual (p.p.) maior do que o acumulado, de janeiro a maio, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Fortaleza (2,67%), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Considerando apenas os que aumentaram de preço, 45 registraram altas acima da inflação, montante que representa mais de 70% dos 64.

 

Produtos que ficaram proporcionalmente mais baratos entre Janeiro e Maio de 2025

 

 

Destes, se destacam os alimentos, que são nove dos dez com os maiores aumentos. A manga tommy, por exemplo, teve uma variação de 165% no seu preço, em janeiro seu valor médio era de R$ 3,92, enquanto em junho a média foi de R$ 10,39.

Outros que se ressaltaram nesse cenário foram a cebola pêra (43%), a batata inglesa (42%) e o morango (37%).

Essa variação maior da manga tommy, o analista de mercado da Companhia de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, analisa que ocorre, pois “saiu do período de safra e entrou na entre safra”.

Ele comenta que os valores desse produto podem voltar a diminuir a partir do meio de outubro, devido à nova safra, que será iniciada.

 

Sobre a prevalência de produtos de hortifrúti entre os dez que mais registraram altas, a presidente-executiva do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, observa que ela ocorre por causa dos diversos fatores que interferem nos seus preços.

“A gente sempre observa essa grande variação, para mais ou para menos, geralmente, nesses hortifrútis, devido a essas questões climáticas que estão interferindo muito, além de depender muito da época também”.

 

Evolução dos preços dos produtos em destaque (mínimo, médio e máximo), entre Junho de 2024 e Junho de 2025

 

 

 

Como os supermercados fazem você gastar mais? | Dei Valor

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Mais de 70% dos produtos tiveram altas acima da inflação

Dos produtos que compõem a pesquisa do Procon Fortaleza, 64 ficaram mais caros e 33 mais baratos no semestre, com uma variação média de 3,55%.

A taxa foi 0,88 ponto percentual (p.p.) maior do que o acumulado, de janeiro a maio, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Fortaleza (2,67%), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Considerando apenas os que aumentaram de preço, 45 registraram altas acima da inflação, montante que representa mais de 70% dos 64. Destes, se destacam os alimentos, que são nove dos dez com os maiores aumentos.

A manga tommy, por exemplo, teve uma variação de 165% no seu preço, em janeiro seu valor médio era de R$ 3,92, enquanto em junho a média foi de R$ 10,39.

O analista de mercado da Companhia de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, atribuiu este aumento de preço ao período de entressafra da produção. A expectativa é que os valores desse produto voltem a diminuir a partir do meio de outubro.

Outros produtos que ganharam destaque nesse cenário foram a cebola-pêra (43%), a batata inglesa (42%) e o morango (37%).

O levantamento feito pelo O POVO sobre os dados do Procon Fortaleza mostra que, na contramão da subida de preços, alguns produtos se destacam com uma redução significativa do preço médio ao longo de 2025. São eles: a tangerina Morgote (41%), o talco para bebê (38%) e a cenoura (37%).

No entanto, apesar da redução no preço médio da Tangerina nos últimos seis meses, o valor ofertado hoje é superior ao do mesmo período do ano passado ( 11%).

Já quando o recorte é feito sobre a variação de preços da cesta básica nos supermercados de Fortaleza, é possível contabilizar - considerando apenas os estabelecimentos com todos os itens da cesta disponíveis durante a pesquisa - uma diferença de cerca 19% entre a cesta completa mais barata e a mais cara.

O supermercado mais barato foi o Dmais Supermercado, com uma cesta completa totalizando R$ 536,60. Já o supermercado mais caro foi o Super do Povo, totalizando R$ 635,90 - uma diferença de cerca de R$ 100.

É importante pontuar que apenas 11 supermercados possuem todos os itens da cesta disponíveis na atual pesquisa. Em 8 supermercados faltou 1 produto, e em 17 supermercados faltaram 2, 3 ou 4 produtos.

Carnes e ovos com grande variação

Nesse contexto de variações de preços nos supermercados de Fortaleza, as carnes e os ovos também se destacam. Considerando os três tipos de carnes analisados, coxão mole, coxão duro e lombo com osso, e as caixas de 20 e de 30 ovos, a mudança pode ser de até 107,6%, ou seja, o dobro, a depender do local de compra.

A título de comparação, a caixa de 30 ovos pode ser encontrada nas prateleiras por R$ 35,9, no Pão de Açúcar, enquanto no Supermercado Martri, ela custará R$ 17,29.

Vale destacar, inclusive, que o produto está entre os dez que mais aumentaram de preço médio no 1º semestre de 2025, passando de R$ 20,96 em janeiro para R$ 23,89 em junho, com uma alta de 14%.

O mesmo acontece com as carnes, o coxão mole, por exemplo, pode oscilar até 97% entre os supermercados, sendo comercializado no Supermercado São Francisco por R$ 33,49 e no Mercadinho São Luiz por R$ 65,99.

O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), Matheus Peçanha, afirma que, na composição de custos, o local onde o estabelecimento está instalado é outra variável a ser considerada. Normalmente, bairros mais valorizados vendem os produtos por preços maiores.

"Isso pode ser exemplificado quando a gente observa o valor de determinados produtos na praia, pois eles costumam ir diminuindo com a distância. Assim, na areia da praia o custo será maior do que no quarteirão mais afastado, ou seja, existe uma diferença de preço para o mesmo produto de acordo com a região, e isso também acontece com os estabelecimentos", ressalta o pesquisador.

A presidente do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, alerta, no entanto, que casos de aumento abusivo de preços podem e devem ser denunciados. Tanto ao gerente do estabelecimento, como nos canais de atendimento dos órgãos de defesa do consumidor.

"É aberto um processo administrativo e, dentro desse processo, ele tem diversas penalidades, desde uma advertência com uma multa que pode chegar até R$ 18 milhões, até uma própria interdição do comércio", explica a presidente do Procon Fortaleza.

Média

No mês de junho, a diferença média de ofertas de um mesmo produto é de 87%

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