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Preço comparado: Do café da manhã ao PF, o carrinho de compras ficou mais barato?
Reportagem

Preço comparado: Do café da manhã ao PF, o carrinho de compras ficou mais barato?

O projeto mostrou que a escolha do supermercado em julho pode afetar em até 140% no preço de um produto
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NOVA estrutura tributária vai redefinir itens isentos de ICMS na cesta básica (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS NOVA estrutura tributária vai redefinir itens isentos de ICMS na cesta básica

A alimentação básica em Fortaleza teve uma variação considerável em julho de 2025, mas o resultado não foi totalmente negativo para o consumidor dos supermercados da Capital. Produtos como cebola pêra (-19%) e arroz branco (-6%) ficaram mais baratos na passagem de um mês para o outro.

O quilo da cebola chegou a custar, em média, R$ 9,35, em julho de 2024, enquanto no igual mês deste ano estava a R$ 4,99. A diferença aponta uma variação de 46,6% neste item, em um ano.

Já o arroz, principal consumo dos brasileiros quando se fala em almoço, estava a R$ 7,42 em julho de 2024, e agora o quilo do arroz custa em média R$ 5,92, tendo diferença de 20% em um ano.

Os dados são apontados pelo levantamento do Departamento Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza). Os valores foram consultados em supermercados da Capital de 1 a 14 de julho, e analisados pelo O POVO por meio do projeto Preço Comparado.

A pesquisa do Procon compara aproximadamente 100 produtos em 36 lojas da Cidade, mas o Preço Comparado utilizou o recorte de 20 itens mais consumidos na alimentação básica, em 13 supermercados, para fazer a análise.

Outro produto que ficou mais barato para o consumidor foi o quilo da fécula de mandioca, item para fazer a popular tapioca. Em comparativo com o ano anterior, o item teve uma redução de 17% no preço, saindo de uma média de R$ 7,51 em 2024, para R$ 6,26.

De junho a julho, o frango resfriado apresentou uma variação negativa de 6,22%, ou seja, ele ficou mais em conta para o consumidor.

Veja a variação de preços de produtos selecionados entre junho e julho de 2025

Mas o mercado não apresenta o mesmo cenário para todos os produtos alimentícios, o kg do tomate apresentou uma alta considerável de 38% na média de preço em um ano. O item custava em média R$ 7,37 no ano anterior, e chegou aos mercados a R$ 10,15 em julho.

O setor das proteínas também apontou alta em quase todos os produtos, principalmente da carne bovina. Chã de dentro (coxão mole) saiu de R$ 38,79 em julho de 2024 para R$ 49,41 no último período, e é o maior exemplo disso. O alimento teve alta de 27% no recorte.

Já o quilo do lombo com osso e o chã de fora (coxão duro), tiveram elevação no preço de 22% e 21% respectivamente.

“Pode ser que a gente tenha uma redução do preço da carne, a depender ainda do que vai acontecer ao longo dos próximos dias […] Já teve uma pequena redução nos abates, exatamente para não gerar impacto significativo no preço, mas é provável que ao longo das próximas semanas talvez tenha algum tipo de redução do preço”, afirma o economista Ricardo Coimbra.

Para ele, o setor da exportação de carnes pode ter impacto direto em relação à taxação do presidente Donald Trump “se a tarifação realmente acontecer”. O impacto pode deixar a carne mais barata para o consumidor nacional, visto os problemas com a exportação.

Já no comparativo de junho a julho, itens como: margarina (2,98%), cream cracker (1,34%) e leite integral (0,5%) também ficaram mais caros para a população. 

Veja mais sobre a situação das tarifas impostas por Donald Trump


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No cenário nacional, café em pó apresenta alta de 89%, puxando produtos de inverno

Segundo relatório feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), que analisa os produtos consumidos no inverno com base no Índice de Preços ao Consumidor de mercado (IPC-M), o pó de café acumulou alta de 89,61% nos últimos 12 meses. A alta do item puxou os produtos consumidos no inverno, causando impacto nos orçamentos no período.

"Os números mostram que a cesta de produtos mais consumidos no inverno está com ritmo de aceleração moderado em 12 meses, mas com destaque negativo para o café em pó, que teve alta significativa", disse Matheus Dias, economista do FGV Ibre.

"A alta excepcional do café em pó está relacionada a questões específicas da commodity no mercado internacional, que vem impactando os preços desde o ano passado", conclui o pesquisador.

No Ceará o produto segue tendência de alta, com o item ficando mais caro para o consumidor em 74%, nos últimos 12 meses. Olhando só o ano de 2025, o café em pó também apresenta alta no mercado cearense, representando um aumento de 25% para os clientes.

Já olhando o comparativo de junho a julho, o café teve uma ligeira queda no valor. No mês anterior a média no valor era de R$ 17,82, enquanto no mês atual o valor médio chegou em R$ 17,77, com variação de 0,33%.

Dentro do recorte do preço comparado de julho, o café em pó teve uma variação percentual de 27,29%. Onde o preço do produto ficou mais caro, ele é ofertado a R$ 20,99 (Guará Supermercado - Praia de Iracema). Já no supermercado mais barato, o preço chegou a R$ 16,49 (Cometa Supermercados - Cidade dos Funcionários). Entre os produtos, a economia do produto pode ser de 21,44%.

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Azeite volta a crescer

O azeite de oliva Andorinha tradicional havia apresentado um cenário de queda desde o início do ano. O frasco de 500 ml custava em média R$ 54,39, em janeiro, e chegou a R$ 49,22 em junho. Mas voltou a encarecer, custando em média R$ 50,62 nas prateleiras.

Em julho de 2024, a garrafa de azeite estava, em média, R$ 47,44 nos supermercados de Fortaleza, ou seja, mais caro que no ano anterior.

Ricardo Coimbra, economista, relembrou que o preço alto no azeite é retrospecto da queda da produção há cerca de um ano, quando um problema climático no Mediterrâneo afetou os valores.

Ele aponta que os preços vinham sendo amenizados no início do ano, mas que por entrar no período de entressafra, com a diminuição do volume no campo, e o custo: "Começa a ser repassado para indústria e a indústria começa a repassar para o consumidor final."

Escolha do supermercado pode afetar em até 140% no preço de um produto

Nos supermercados da Capital, no mês de julho, alguns produtos tiveram alta variação no valor, dependendo de qual estabelecimento se compra.

O projeto Preço Comparado, realizado pelo O POVO em parceria com o Procon, tem o objetivo de auxiliar os consumidores em relação aos preços praticados em Fortaleza, verificando onde é mais vantajoso adquirir um item.

A cebola pêra foi o produto com maior variação, com taxa de 140%, custando R$ 2,98 no supermercado mais barato (Frangolândia Supermercados - Varjota), e R$ 7,17 no mais caro (Pão de Açúcar - Aldeota).

Para o bolso do consumidor, a economia pode chegar a 58,4%, dependendo de onde se compra.

Outros itens também tiveram grande variação nos supermercados foram: o alho (61,53%), o feijão (60,12%) e o tradicional pão francês (60%).

Grupo de proteínas teve diferença considerável. O quilo da carne bovina chã de dentro teve seu valor mais alto, saindo a R$ 65,99 no Super Mercadinhos São Luiz - Aldeota.

O menor custo registrado foi de R$ 36,90 no Mercado Extra - Fátima, apontando variação de 78,83%.

A bandeja com 20 unidades de ovo foi o terceiro item com mais variação nos supermercados da Capital, tendo taxa de 75%. A bandeja teve seu menor valor no Nidobox Supermercado - Passaré, saindo a R$ 9,99, enquanto no Supermercado Pinheiro - Maraponga, registrou preço de R$ 17,49.

Confira os preços da Cesta Básica Completa nos supermercados de Fortaleza


O coordenador jurídico do Procon, Airton Melo, explicou ao O POVO que as variações nos preços para o consumidor na Capital podem ser influenciadas por alguns fatores: como concorrentes e o poder aquisitivo na região.

"Definição de preço é de acordo com o tipo de público, e o padrão econômico das pessoas que residem naquelas imediações. Um outro fator que também influencia na definição da variação de preço é o universo de empresas concorrentes na mesma região, ou seja, quanto mais supermercados eu tenho numa determinada região, maior a probabilidade de obter vantagens", diz.

Melo orienta os consumidores a procurarem dias específicos de promoções em supermercados: "Existem períodos específicos desses estabelecimentos em que eles promovem e divulgam aqueles encartes com promoções de produtos cujos preços divergem bastante, ficam bem discrepantes dos preços dos demais dias da semana", conclui.

O supermercado que teve os preços mais baratos no recorte do mês do Preço Comparado foi o Mercado Extra, no bairro de Fátima. O estabelecimento teve oito dos produtos analisados mais baratos em suas prateleiras.

Já o que teve os produtos mais caros foi o Pão de Açúcar da Aldeota. A unidade teve seis itens com valores mais caros de comparação. A empresa não teve nenhum produto entre os mais baratos.

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