Os resultados da rede estadual do Ceará no Enem 2024, apesar de ainda desafiadores, são comemorados pelo secretário executivo de Equidade, Direitos Humanos, Educação Complementar e Protagonismo Estudantil, Helder Nogueira, da Secretaria da Educação do Estado (Seduc).
"Ao longo dos anos, até pelas políticas exitosas de mobilização, engajamento e preparação pro Enem, o Ceará consegue atingir toda a sua base de alunos reais. Praticamente todas as nossas matrículas se inscrevem no Enem, o que nos diferencia das outras redes públicas e privadas no País", afirma.
Em 2024, 97 mil alunos concluintes da rede estadual se inscreveram no Enem, representando 99% dos estudantes da etapa. Já em 2025, foram 104.250 inscrições confirmadas, totalizando a adesão de 96,87% dos alunos do terceiro ano do ensino médio estadual.
"Quando todos participam, a nossa média é calculada pelo cenário real e total dos nossos estudantes, porque também a nossa participação nos dois dias é alta pelo êxito das nossas políticas. Como nós temos uma base muito ampla e inclusiva, a nossa média é muito mais real nesse sentido", explica.
Helder reforça que um dos maiores desafios ainda é fazer com que bons resultados obtidos por algumas escolas se tornem "experiências generalizadas" em escala, ou seja, que atinjam todos os alunos.
"É um trabalho cotidiano, para mexer com os corações e mentes, principalmente dos gestores que vão liderar esses processos, consequentemente de professores e dos estudantes. Porque o que a experiência nos mostra é que práticas que se tornam de fato boas práticas são aquelas que se enraízam na comunidade escolar", diz.
Para o especialista em avaliação educacional e políticas públicas, Wagner Bandeira Andriola, os dados mostram uma "heterogeneidade" na educação brasileira.
"O sistema educacional federal paga melhor os professores, têm melhor infraestrutura e atrai os melhores alunos, que espelham essa qualidade em resultados. Num segundo plano, nosso Estado ainda se destaca entre as unidades federativas porque temos políticas que remontam a 40 anos se preocupando em manter e aprimorar a educação. Mas sabemos que ainda temos carências", diz o especialista.
O pesquisador aponta que dificuldades estruturais, de remuneração de professores e a situação socioeconômica do aluno, podem influenciar nas notas. "O perfil do aluno vai ser distinto daquele que vai para as antigas escolas técnicas. Ele carece de aspectos como segurança financeira, assistência estudantil e segurança alimentar. É um público que tem essas fragilidades", comenta.
Helder ressalta a importância da recomposição das aprendizagens no ensino médio para melhorar o desempenho dos alunos. Sem essa estratégia, o "acesso" ao currículo dessa etapa escolar se torna inviável.
"É uma questão importante, principalmente no ensino médio, que o estudante já precisa vir com um acúmulo de aprendizagens dos ciclos anteriores da sua vida escolar. Recompor é preencher lacunas que ficaram no caminho, não é só dar um reforço", diz o secretário.
Sensibilizar os docentes, instituir projetos de monitoria e avaliações diagnósticas são alguns dos fatores que fazem parte do planejamento do ensino médio na rede pública estadual.
Para entender melhor as dificuldades individuais dos alunos e gerar dados para as escolas, Helder explica que avaliações diagnósticas estão sendo realizadas a cada dois meses na disciplina de matemática em 2025.