Os vários anos de serviço juntos, compartilhamento de quartel e grandes histórias na ativa da corporação podem levar muitos bombeiros a verem seus companheiros de farda como grandes amigos, uma verdadeira "família que o trabalho lhes deu".
Na família do sargento Ernando Pinto, essa relação é um bem mais intrínseca, já que diferentes gerações já vestiram a farda dos "heróis do fogo", como ele se refere ao CBMCE. Tudo começou com o irmão mais velho, Edmilson, que após sair do exército, ingressou nos bombeiros durante a década de 60.
Os relatos do dia a dia emocionante no quartel e a imagem de bravura atrelada a quem veste o manto laranja fizeram com que Ernando se espelhasse no irmão, e também logo após o fim do serviço militar obrigatório, ingressasse no Corpo de Bombeiros.
"Foi só alegria. Sempre a corporação do Corpo de Bombeiros foi bem vista pelo povo, a população. Foi uma satisfação muito grande para os meus pais e depois outros parentes também entraram", conta o hoje membro da reserva do CBMCE.
Os irmãos trabalharam juntos durante cinco anos, antes que Edmilson ingressasse na Casa Militar do Governador do Ceará. Com mais de 30 anos de serviço cada, ambos foram inspiração para a geração seguinte, representada pelos filhos de Edmilson, Kairo e Kleber Pinto, que também se tornaram bombeiros.
Ernando chegou a servir junto aos sobrinhos, e lembra que ele e o irmão fizeram questão de acompanhar o crescimento deles, com conselhos e apoio diários. Essa união foi essencial no momento de maior dificuldade da família dentro da corporação, quando Kairo faleceu durante uma ação de resgate.
"Foi um momento difícil. A gente tinha o apoio um do outro. Quando ele faleceu, ficou aquele vagão. Mas ninguém baixou a cabeça e continuamos a nossa missão. Missão árdua, difícil, perigosa… corremos muito risco de vida para salvar vidas alheias", pontua.
Ao todo, sete membros da família já passaram pelo CBMCE. Além dos quatro citados, outros dois primos de Ernando e mais um sobrinho compuseram o quadro dos bombeiros nesses 60 anos de ligação. A expectativa é de que a tradição continue nos próximos anos, já que a filha de Ernando, Ana Melissa, 22, deve prestar concurso para ingressar na corporação.
"Tem mais alguns da família que pretendem fazer concurso e prestar serviço à corporação. Inclusive tenho uma filha que provavelmente irá fazer o concurso dos bombeiros agora próximo. Ela está querendo, está se preparando muito para fazer", conclui o sargento e pai orgulhoso.