"O suspeito apresenta falas e abordagens que causam medo, pânico, ao ponto da pessoa perseguida ter medo de sair de casa para ir ao trabalho, por exemplo", pontua Rozilene Frota, assistente social da equipe psicossocial da Defensoria Pública do Estado do Ceará. Ela atua no atendimento a mulheres em situação de violência doméstica.
São muitas as situações que podem caracterizar este tipo de perseguição: o envio incontrolado de centenas de mensagens, inúmeras ligações, enviar comentários invasivos em redes sociais, criar perfis falsos para acompanhar sua rotina, de seus familiares e amigos, invadir espaços, mostrar que viu ou sabe sobre a rotina da outra pessoa, citar uma peça de roupa que estava usando ou mandar fotos de um lugar em que a mesma esteve.
"Nós sabemos que o caso do stalking é algo muito antigo, mas com as redes sociais os casos se intensificaram. É possível que contas falsas sejam criadas para vigiar a vida da pessoa, mandando mensagem ao ponto de assustar a vítima e deixá-la com medo de sair de casa", afirma Jeritza Braga, defensora pública e supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem)
"Além disso, até mesmo aplicativos bancários podem se tornar locais de envio de recados repetitivos. Elementos tecnológicos que surgiram para ajudar a população, mas que acabam sendo usados de má-fé", prossegue.
Para a defensora, foi de grande importância que o stalking tenha deixado de ser apenas uma contravenção penal e passado a ser tipificado como crime.
A Defensoria orienta mulheres sobre o que fazer neste tipo de caso, que pode ser a concessão de medidas protetivas que indiquem o afastamento da pessoa que está a perseguindo.
Sempre que se perceber que os atos tem se tornado reiterados, seja amedrontada ou assustada, é indicado procurar a Delegacia da Mulher mais próxima para abrir a ocorrência, podendo ser feita também de forma eletrônica.
É indicado ainda juntar o maior número de provas e tirar capturas de tela das ameaças feitas de forma online. A Defensoria também oferece apoio psicológico às vítimas. O agendamento pode ser feito nas sedes do Nudem, na Casa da Mulher Brasileira e Casa da Mulher Cearense.