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Canindé tem a intervenção policial com o maior número de mortos no CE desde 2018
Reportagem

Canindé tem a intervenção policial com o maior número de mortos no CE desde 2018

|Confronto | Sete homens que integrariam o CV morreram em confronto com a PM enquanto se preparavam para atacar rivais do TCP no bairro Campinas
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CANINDÉ-CE, BRASIL,31.10.2025: Operação das forças policiais do Ceará matam sete integrantes do CV em Canindé.  (Fotos: Fabio Lima/OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA CANINDÉ-CE, BRASIL,31.10.2025: Operação das forças policiais do Ceará matam sete integrantes do CV em Canindé. (Fotos: Fabio Lima/OPOVO)

O confronto entre policiais militares e integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) registrado na madrugada de ontem, 31, em Canindé, a 118 quilômetros da Capital, foi a ocorrência de intervenção policial com o maior número de mortos no Ceará desde 2018. Sete suspeitos morreram na ação, que ocorreu no bairro Campinas.

O episódio se deu no contexto da disputa entre o CV e o Terceiro Comando Puro (TCP). No bairro Campinas, age o TCP, enquanto o CV está presente em bairros como Santa Luzia e João Paulo II e em Caridade, município vizinho a Canindé. Uma fonte policial relatou que o ataque que seria registrado na madrugada de ontem seria a quarta investida do CV contra os rivais do TCP desde a semana passada.

Um desses episódios ocorreu no bairro Alto Guaramiranga, enquanto os demais se deram no Campinas. O POVO apurou que disparos em vias públicas e mesmo expulsões de moradores chegaram a ser registradas no bairro Campinas. Já na quinta-feira, 30, por volta das 18h30min, integrantes do CV tentaram efetuar um ataque, mas se depararam com equipes do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio). Houve perseguição, no entanto nenhum suspeito foi preso.

Já pela madrugada, os faccionados voltaram a tentar atacar os rivais, mas esse plano chegou ao conhecimento da Subagência de Inteligência (SAI) do 4º Batalhão de PM. Foi montada, então, uma operação policial para antecipar a investida criminosa. Equipes do CPRaio se somaram a PMs do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (Bepi) e da Força Tática e foi feito um cerco nas proximidades do Cemitério da cidade.

Ainda conforme a apuração de O POVO, por volta das 3 horas, os PMs se depararam com um grupo composto por cerca de 15 homens fortemente armados. Além disso, um drone também sobrevoava o bairro. No confronto que se sucedeu, os criminosos chegaram a lançar duas granadas contra os PMs. Nenhum dos agentes de segurança, porém, ficou ferido. Os sete suspeitos atingidos foram socorridos pelos PMs a uma unidade de saúde, mas não resistiram. Os cerca de oito outros faccionados que compunham o grupo fugiram e, até o fechamento desta matéria, não haviam sido localizados.

Os mortos foram identificados como: José Lucas de Souza Alves, de 15 anos, Carlos Junior Santos Silva, 20 anos, Liedson Silva Rodrigues, 19 anos, Francisco Anderson Duarte Tavares, 19 anos, Francisco Eliedison Sousa Alves, de idade não identificada, Thiago Gomes Mendes, de 16 anos. O sétimo homem não foi identificado.

Na ação, foram apreendidas oito armas: um fuzil, quatro pistolas e três revólveres. Mais de 150 munições e drogas também foram apreendidas. O material foi encaminhado à Delegacia de Canindé, que investiga o caso.

O POVO esteve na manhã e início da tarde de ontem em bairros da região Central de Canindé. Não foi possível ir até o bairro Campinas, pois havia relatos de que criminosos estavam circulando pela região armados, monitorando quem transitava pelas ruas. Uma equipe jornalística chegou a flagrar criminosos exibindo armas de fogo com fins de intimidação.

No Centro da cidade, porém, o clima era de aparente tranquilidade, com comércio aberto e movimentação normal de pessoas. Os moradores de Canindé comentavam o caso, mas poucos quase nenhum deles quiseram conversar com a imprensa. O POVO também pode constatar que, fora da área central do município, diversas pichações de facções indicavam a atuação desses grupos nos bairros. (Com informações de Cláudio Ribeiro e Mirla Nobre)

 

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