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Preconceito com ameaçados prejudica atendimento
Reportagem

Preconceito com ameaçados prejudica atendimento

Entraves. Negativas de acolhimento
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Tipo Notícia

Conseguir vagas em acolhimentos institucionais ainda é um obstáculo. De acordo com David Araújo, membro do Fórum Permanente das Organizações Não Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA Ceará) e do conselho gestor do PPCAAM, o programa sofre com o preconceito relacionado aos atendidos.

"Existe resistência ao programa. Muitos locais pensam que se receberem o adolescente, vai chegar um bandido. Eles são tidos como violentos, problemáticos. São preconceitos que não condizem com a realidade", afirma.

David lembra o caso de uma menina vítima de exploração sexual que estava sendo ameaçada de morte. Uma vaga em um abrigo era necessária para formalizar a entrada dela no PPCAAM. "O acolhimento negou a vaga. Ela evadiu e três semanas depois apareceu morta", conta.

"A gente tem uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que estabelece fluxos e o compromisso do sistema de justiça para garantir essa proteção. Mas se eu não tiver vaga disponibilizada para a assistência, tenho um problema para fazer a aprovação", explica o coordenador do PPCAAM. Diálogos constantes são mantidos com a rede de acolhimento institucional para evitar negativas.

"Isso é um problema grave. A central de vagas, tanto do Estado como a do município de Fortaleza, não pode causar dificuldades para inserção desse público nos equipamentos, do ponto de vista jurídico", afirma o promotor Lucas Azevedo.

Para Azevedo, é preciso encontrar ferramentas para o público atendido no PPCAAM que não exponham outras crianças, adolescentes ou profissionais da rede protetiva a riscos. No entanto, não é possível ter acolhimentos destinados só a essas vítimas, já que isso tornaria o local um "alvo".

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