Do ponto de vista jurídico, os sinais da alienação parental em crianças e adolescentes podem ser manifestados de várias formas. A advogada Bianca Studart, com atuação voltada ao Direito de Família, informa a importância de considerar o contexto das palavras usadas pela criança.
"Uma criança que, quando vai pra casa da mãe, para casa do pai, chora muito, diz que não quer ficar lá, diz que os pais não se amam, que só está ali pelo dinheiro e tudo mais. Porque não existe uma criança entre 6 e 10 anos de idade falando de dinheiro, falando de pensão. Não é um assunto para uma criança estar sabendo, e se ela externaliza, é porque está ouvindo em algum lugar", afirma.
O acompanhamento psicológico da criança ou adolescente é fundamental para um relato aplicado dos fatos. Além disso, dentro de uma ação de alienação parental, a advogada cita o desenvolvimento de um estudo psicossocial.
"Um perito, um psicólogo especializado, um assistente social, vão até a criança, até a casa, entrevistam os pais, tentam entender aquela dinâmica familiar, as falas que são providas na frente da criança. A partir dali, conseguem elaborar um laudo", diz.
O trabalho dos profissionais, segundo Studart, faz um relato da situação e detalha as manifestações da criança diante do ambiente em que vive.
Para Camila Pires, ao contrário da ideia proposta por Gardner, segundo a qual a síndrome de alienação parental apresentaria um conjunto de sintomas repetidos e semelhantes entre crianças e adolescentes, os estudos contemporâneos em Psicologia mostram que não existe um padrão único de comportamento diante da separação dos pais.
"Essas reações variam bastante e são influenciadas por fatores como idade, temperamento, vínculos afetivos, estágio de desenvolvimento e condições sociais. Por isso, não podem ser entendidas como sinais de um transtorno psicológico", explica. Ela detalha que a psicologia trabalha com a compreensão de que esses movimentos fazem parte da adaptação ao novo contexto familiar e não devem ser automaticamente patologizados.
Além disso, apreende a profissional, o reconhecimento das crianças e adolescentes como sujeitos ativos na forma como interpretam suas relações familiares é essencial, mesmo em situações de conflito intenso entre os pais. Em um período de crise, é esperado que os jovens expressem emoções, como ansiedade, raiva, tristeza ou confusão.