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"Sou cearense, porque quero"
Vida & Arte

"Sou cearense, porque quero"

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Tipo Notícia

Um mês após o seu nascimento, em Salvador (BA), Rodolfo Teófilo foi trazido pelos pais a Fortaleza. Diante da insistência dos que pretendiam, anos mais tarde, evidenciar a sua naturalidade baiana, o escritor respondia: "Sou cearense, porque quero". "Nasci baiano por um acidente; mas de coração sou todo cearense, como nenhum será mais do que eu", escreveu, em 1924, em carta endereçada a um amigo. Cearense que foi, tomou para si a invenção de uma das bebidas mais tradicionais do Estado: a cajuína.

Para além da feliz invenção, é conhecida a atuação de Rodolfo Teófilo no envolvimento com as lutas abolicionistas, com as denúncias aos descasos do governo oligarca e sua incansável cruzada pela vacinação dos cearenses contra a varíola. Menos conhecida, no entanto, é a sua significativa produção literária: 28 livros que reúnem escritos sobre ciência, história política e saúde pública, explorando a prosa, o romance e a poesia, dentre eles A Fome (1890) e O Paroara (1899).

Na literatura cearense, Rodolfo encontrou expressão na Padaria Espiritual, agremiação literária na qual foi o "Padeiro Mor". Em seu livro Cenas e Tipos (1919), por exemplo, Teófilo registra os dias gloriosos da Padaria, com suas muitas noitadas de cultura e conversas bem humoradas. Em dezembro de 1920, agremiação chegou ao fim.

Teófilo viveu longos anos em um sobrado no Benfica, imóvel que, mesmo tombado, foi demolido em 1985. Escolheu a Pajuçara, no entanto, como o seu "retiro na velhice". No bairro, à época bem distante do centro de Fortaleza, ele encontrava refúgio no que batizou de "Alto da Bonança": a casa, localizada numa pequena elevação, tinha aos pés um açude e abundantes árvores maniçobas e carnaúbas, como uma vez descreveu o escritor Antônio Sales.

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