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Dramas da imigração infantil
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Dramas da imigração infantil

| HBO | Situação de crianças imigrantes presas na fronteira dos Estados Unidos é tema de filme. Icebox é baseado em depoimentos reais colhidos pelo diretor sueco Daniel Sawka
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ANTHONY Gonzalez, 14, interpreta Oscar, um refugiado hondurenho capturado pela polícia norte-americana (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação ANTHONY Gonzalez, 14, interpreta Oscar, um refugiado hondurenho capturado pela polícia norte-americana

Na luta dos imigrantes latinos para tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, muitas crianças tentam atravessar sozinhas ou acabam se perdendo dos pais no caminho. O destino, muitas vezes, são abrigos mantidos pelo governo norte-americano, elas esperam para serem deportadas ou, em alguns casos, encontrar familiares que residem no país.

O drama dessas crianças é retratado fielmente no telefilme Icebox, da HBO, que no Brasil está disponível pelo serviço de streaming do canal pago, a HBO Go. Dirigido pelo sueco Daniel Sawka, o filme traz o jovem Oscar (Anthony Gonzalez), de 12 anos, que precisa fugir de Honduras por estar sendo perseguido por uma gangue local.

A família do garoto não tem condições de viajar com ele, e manda o garoto sozinho para a fronteira dos EUA. Do outro lado, há um tio esperando por ele. No caminho, porém, Oscar fica para trás e é detido pela polícia de fronteira. É quando ele vai parar no abrigo especial para crianças, um ambiente quase carcerário e extremamente frio - de onde vem o título do filme, "caixa de gelo", em tradução livre.

"Um dos grande problemas para fazer o filme é que quase ninguém tem acesso a esse abrigos, nem os congressistas americanos podem entrar", relata Daniel, que se baseou em incontáveis depoimentos que colheu de imigrantes que passaram por situações parecidas. "Desde o início do filme, tentamos ter acesso, mas nos disseram que não haveria chances, especialmente por eu não ser um cidadão americano".

Sawka começou a colher depoimentos ainda em 2014, quando iniciou a produção de um curta-metragem que serviu como seu trabalho de conclusão de curso da faculdade. Depois de pronto, o curta abriu as portas para uma parceria com a HBO, que se interessou em produzir um longa sobre o tema.

A história de Oscar, de acordo com Sawka, não retrata nenhum personagem real específico, mas reúne um pouco dos vários depoimentos que ouviu. "Fiquei emocionado em ver como todos eram receptivos para falar sobre suas histórias, sou muito grato a todos que compartilharam suas experiências de vida", relata o cineasta.

Todo o filme é centrado no ponto de vista de Oscar, o que exigiu um intenso trabalho do jovem ator norte-americano Anthony Gonzalez, conhecido por ter emprestado sua voz para o protagonista da animação musical da Disney/Pixar Viva - A Vida é uma Festa (2017). "Ele é absolutamente fantástico, começamos a trabalhar juntos quando ele tinha 10 anos, hoje está com 14. Tem sido incrível vê-lo crescer como artista", elogia.

Para o cineasta, mesmo com a pouca idade, Gonzalez sempre se comportou como um ator experiente. "Ele é muito maduro como ator, se você pede para ele mostrar uma emoção, ele se entrega 100%", afirma. "O vi como um ator profissional desde o início".

Pelo fato de a história ser centrada no drama de uma criança, a esperança de Sawka é que o filme ultrapasse as barreiras das discussões políticas sobre o tema da imigração, sendo visto pelo lado humano. "Estamos numa situação muito difícil agora, as pessoas estão muito divididas e está difícil se comunicar num aspecto político", acredita o cineasta. "Ajudar crianças em necessidade é algo básico. (O filme) é uma jornada que não é sobre estatísticas ou um ponto de vista político, e sim sobre o que muitas crianças passam". (Agência Estado)

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