Nascido em 1929, quando viveu por duas edições, o suplemento literário Maracajá retorna às páginas do O POVO com o propósito de levar a produção literária do Ceará, passada e contemporânea, para o máximo de pessoas possível. Desta vez, com versão digital e uma videoentrevista por edição com personalidades de segmentos distintos do meio literário.
"A revista nasceu em 1929 por mérito do Demócrito Rocha, fundador do jornal O POVO. Ele lançou o projeto, porque também era poeta, gostava de escrever, gostava de literatura, e achava que os artistas cearenses não tinham divulgação", explica Raymundo Netto, editor e curador da revista. "Agora, 90 anos depois, decidimos fazer a mesma coisa: um suplemento literário com cara de suplemento literário, com textos falando sobre autores cearenses que muitos não conhecem, grandes nomes", contextualiza
A volta do Maracajá, que tem sido pensada há dois anos e está prevista para durar por seis meses, já teve a primeira edição, encartada no jornal impresso em fevereiro. A edição deste mês contém a participação de 14 autores cearenses, entre contos e poesias, e será veiculada no jornal da segunda-feira, 18, além de versão digital hospedada no site da FDR. A videoentrevista será com o cordelista, chargista, cartunista e editor Klévisson Viana. O material também será distribuído em equipamentos culturais de Fortaleza, como bibliotecas públicas, a Livraria Lamarca, a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e outros.
"O Maracajá surge como um protesto. Nós protestamos quando falamos de Aluízio Medeiros, que completou 100 anos e pouco se ouviu falar sobre; nós protestamos quando falamos do Francisco Carvalho, um dos maiores poetas cearenses, e pouco lembrado depois do falecimento. Trazemos esses nomes para provocar o mercado editorial, dentro e fora do Estado", provoca Raymundo.
Para fazer a curadoria da revista, ele explica que divulgou o projeto em redes sociais, via e-mail, conversou com autores, além de outros artifícios. Cada edição tem o seu "artista da capa", um ilustrador diferente para cada número da revista. A ideia é variar e divulgar os profissionais. Os textos são diversos, com autores de estilos variados, uns mais tradicionais, outros mais experimentalistas. A ideia é reunir um material com pluralidade.
Entre as seções distribuídas nas 24 páginas ilustradas e coloridas do suplemento, está a Cristaleira (de afetos), que guarda artigos sobre personalidades que produziram literatura no Ceará; A Flores de Açucenas (espaço da saudade), que resgata textos de autores já falecidos, e a Tiragostos, com quadrinhos, charges e cartuns.