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Narrativas e "easter eggs"
Vida & Arte

Narrativas e "easter eggs"

Edição Impressa
Tipo Notícia

Primeira publicação com o selo comemorativo de dez anos da Editora Draco, Na Quebrada - Quadrinhos de Hip Hop dá voz às ruas de uma periferia vivenciada por muitos traços. Para Rashid, a obra "traz pro universo dos quadrinhos o que ouvimos nas letras de rap, o que lemos nos livros sobre a cultura hip hop e movimento negro, e o que vivenciamos nas ruas todos os dias". De diferentes gerações e estilos, as narrativas contidas na antologia têm como protagonistas os excluídos, tendo o Brasil, em sua maioria, como cenário.

Um dos pontos altos da coletânea está na presença dos chamados easter eggs - referências e surpresas que encontram-se escondidas em filmes e seriados - presentes ao longo das 20 páginas que compõem a HQ O Rei do Groove, do cearense Guabiras, 40, cartunista do O POVO. Num total de 100 easter eggs, Guabiras não só espalhou letras de músicas, como também evidenciou artistas, referências, capas de discos e curiosidades de expoentes do hip hop mundial que, ao final da publicação, são revelados como um material extra.

A ideia partiu do próprio cearense. "A princípio, todas as respostas eram pra estar no meu blog (blogdoguabiras.blogspot.com), mas o próprio Raphael fez a gentileza de encaixar no livro. Como têm muitos easter eggs que mencionam datas e nomes em inglês, tivemos que revisar inúmeras vezes pra não ocorrer o mínimo de erro. Resumindo: ao todo, são 40 páginas de HQ: 20 com a história oficial, 20 com material extra", explica o cartunista, que rabisca desde pequeno e traz desde então todas as influências possíveis da cultura para o seu trabalho.

"Toda a minha infância aconteceu nos anos 1980. Referências, modas, invenções, cultura, estilos, arte... Tudo que aprendi a gostar na vida começou naquela época. Com o rap não foi diferente", relembra ele, que ainda recorda-se do primeiro disco de rap a que teve acesso. "Era o BAD, do LL Cool J e eu simplesmente fiquei chocado quando ele começou a tocar. Depois daí, cada coisa foi chegando nos conformes... Documentários, filmes, discos e artistas, o meu próprio interesse pelo gênero. Quanto mais eu me aprofundava, mais me identificava com a cultura".

Guabiras - apelido de Carlos Henrique, que deriva de Guabiru (dado ainda na escola) - nos apresenta em Na Quebrada a história de um DJ fracassado que acha uma pickup de outro mundo e passa a ficar famoso. "Na medida em que eu desenhava, eu pensava em como encaixar cada easter egg. Tipo: tem easter egg que é um grafite, uma placa de carro, um rótulo de cerveja... Porém, o mais legal e mais importante mostra justamente o verdadeiro dono da pickup. E ele é a maior surpresa da história", garante. (TM)

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