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Artistas Cacilda Vilela e Bruna Bortolotti atualizam moda no Ceará em diferentes épocas
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Artistas Cacilda Vilela e Bruna Bortolotti atualizam moda no Ceará em diferentes épocas

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Cacilda Vilela
Estilista cearense, em Corpo&Alma, montava roupas diretamente 
nas modelos
 (Foto: FOTOS Divulgação)
Foto: FOTOS Divulgação Cacilda Vilela Estilista cearense, em Corpo&Alma, montava roupas diretamente nas modelos

Cacilda Vilela nunca foi uma mulher do presente. Sua cabeça, tantas vezes adornada por elegantes plumas e rendas, passeava curiosa pelas possibilidades vindouras. Nascida no Ceará de 1955, a proeminente estilista começou a costurar ainda na adolescência - mais velha de oito filhos, aprendeu a coser com sua mãe. Logo mudou-se para o Rio de Janeiro, determinada a estudar Arquitetura, mas voltou ao estado natal para dançar, atuar, performar e criar. Daquele tipo de gente que parece antever o futuro, Cacilda revolucionou o campo da moda. Na noite desta quinta-feira, 28, a Sem Título Arte inaugura a exposição Corpo&Alma para resgatar a trajetória da artista falecida em 2013 e homenagear seu pensamento de vanguarda.

Organizada em seis núcleos diversos, a mostra tem curadoria de Jackson Araújo e Elizabeth Guabiraba e pesquisa fotográfica de Luana Maria e Kiko Bloc-Boris. "É uma arqueologia do vasto trabalho de Cacilda. Contamos com cerca de 30 imagens divididas em uma sala de projeção de slides e com uma mesa que convencionamos intitular mesa de artista. Lá, expomos o trabalho chamado Corpo&Alma, que se tornou também o nome da marca dela. Nesse projeto, Cacilda montava as roupas direto nos corpos das modelos", explica o comunicólogo e consultor criativo Jackson Araújo.

"Cacilda rompeu com muitas questões para viver como personagem principal de sua própria história. Seu forte posicionamento político, toda sua rebeldia e transgressão estavam no seu trabalho. Ela abordava questões sobre a liberdade feminina, ocupava o espaço público, falava do apagamento das culturas indígenas no Ceará em um momento que não se tocava nesse assunto. Cacilda foi além da moda: ela dançava, performava, fotografava suas obras, fazia todo o processo. Foi uma artista com muitas camadas. Precisamos abrir a caixa da memória e resgatar essa personagem", defende Jackson. Além de curador da exposição, o comunicólogo oferta o workshop "Corpo.Paisagem" na Sem Título Arte hoje e amanhã, das 14h às 18 horas, sobre a moda como plataforma de investigação comportamental.

Jornalista do O POVO e colunista do Vida&Arte, Ivonilo Praciano acompanhou o trabalho da estilista ao longo dos anos. "Cacilda Vilela desestruturou a moda do Ceará. Totalmente vanguardista, ela quebrou esse padrão tão formal até então. Cacilda era muito futurista e, quando começou a escrever para uma revista da Casa, chamada Moda Quente, solidificou mais sua credibilidade. Ela se mostrava não só nos shows e criações, mas também nas palavras", recorda. "Múltipla, Cacilda conhecia muitos artistas e sempre tinha um propósito em tudo que fazia, até dirigir um carro. Apesar de ser uma grande criadora, Cacilda era de uma simplicidade enorme. Ela fez muito pela moda porque impactou E colocou muito de si em várias confecções. Cacilda produziu uma realidade muito bacana e muito ousada", finaliza.

Bruna Bortolotti.
Bruna Bortolotti.

Alquimia contemporânea

Alquimia contemporânea

Ressignificar materiais e dar vazão aos processos de construção também moldam o fazer artístico de outra cearense. A jovem ourives Bruna Bortolotti começou a fazer joias por influência do avô - entre os dedos cuidadosos dele, a neta aprendeu a torcer metais e criar peças valorizando o tempo de cada obra. Às 19 horas desta sexta-feira, 29, a designer lança sua coleção Serpentário na Sem Título Arte.

"Comecei a fazer joias enquanto cursava a faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Eu era condicionada a projetar e depois executar e o meu avô, por outro lado, era completamente livre. Durante muitos anos trabalhando com ele, fui entendo como era esse processo e comecei a criar na hora que ia fazer, então a peça que eu tinha pensado se transformava na bancada. Raramente uma peça é como eu imaginei que seria, porque ela vai surgindo à medida que vai sendo feita", explica Bortolotti.

A coleção Serpentário foi criada com uma delicada pesquisa de tempo e materiais. "É um trabalho em fórmica, material inovador em relação aos anteriores. Pra mim, o que tem de mais valioso nesse trabalho de design é significar de novo esses materiais tão cotidianos", finaliza a ourives.

 

Abertura da exposição Corpo&Alma

Quando: Hoje, 28, às 18h30

Onde: Sem Título Arte (Rua João Carvalho, 66)

Informações: @semtituloarte (no Instagram)

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