Transcendental, Clau Aniz, 25, se multiplica para viver o Filha de Mil Mulheres. Pensando desde 2015 e lançado em 2018, o disco traduz a existência da artista com composições, ora biográficas ora reflexivas, criadas em diferentes épocas.
Mulher para mais de mil, o álbum conta a história da Clau amiga, mais jovem, que acompanhou o processo de despedida de uma pessoa querida (ana luisa, faixa 3); A Clau fraterna, que canta a trajetória das mulheres da sua família ao lado da irmã (montanhesa, faixa 5); A clau crescida, tomada de consciência enquanto mulher na sociedade e do seu aprendizado com as também mulheres que a rodeiam.
“Ele só apareceu (o álbum). A verdade é que ao longo da minha vida fui compondo, produzindo e então percebi do que o conjunto se tratava. Traz músicas que compus num longo período, algumas antigas que escrevi muito nova, mas o seu propósito principal é de amadurecimento. É a narrativa do meu crescimento, de tornar e me entender mulher”, descreve a artista. “Tem quase um ano, mas ainda é muito vivo para mim. Continuo entendendo várias coisas sobre o álbum porque continuo entendendo várias coisas sobre mim”.
Nesta quinta-feira, 28, às 19 horas, o Filha de Mil Mulheres promete ser encenado de forma totalmente diferente do que foi até então no Cineteatro São Luiz, de acordo com Clau. Sob direção da performer Monstra, o espetáculo musical acrescenta duas percussionistas nesta noite, Luana Caiube e Thais Costa; a flautista Clarisse Aires, além de performances de Loreta Dialla, Natalia Coehl e Vitor Colares (com quem tem uma parceria no disco intitulada "quero te guardar nesse lugar bonito que é o mundo", faixa 2).
“O show é a força que vai unir essas mulheres, trabalhando na mesma coisa, fazendo acontecer e se identificando com o que tá sendo dito. Ele é meu, mas é também de um monte de gente, de todo mundo que se identifica com a narrativa”, conta.
A artista fala que nunca pensou muito sobre o que queria passar com as 9 faixas do álbum, mas reflete que ele traz o que há para ser dito. “Do que temos para dizer enquanto mulher, dos nossos processos sutis de crescimento”, explica. Três faixas contam com participações. Montanhesa é interpretada com a irmã, Flavia Cabral; “ererê” tem também a voz de Aparecida Silvino, além da melancólica "quero te guardar nesse lugar bonito que é o mundo", com Vitor Colares.
Com gênero musical que descreve como “MPB experimental”, Clau encontra inspiração em artistas da Música Popular Brasileira (entre outros gêneros), como Jocy de Oliveira, Maria Bethânia e Elis Regina.
Guitarrista, cantora e compositora, Clau começou a escrever suas canções por volta de 2014, ao integrar a banda Voyage Roset, que formou com amigos. Mesmo instrumental, a banda foi o pontapé para que a artista começasse a compor e estudar música.
O show desta quinta integra as celebrações de 61 anos do Cineteatro São Luiz. A programação, que destaca produções locais de mulheres e temáticas do feminino, vai até este domingo, 31, contemplando exibição de filmes, espetáculos de teatro, dança e música.
Mulher em Cena
A apreciação de artistas femininas do nordeste continua no sábado, 30, às 11 horas. A mostra Mulher em Cena reúne shows de Nilda da Gafieira, Stefany Mendes, Maria Norma Colares, Tambores de Safo e Coco Mulher no hall do Cineteatro São Luiz.
A produtora Kelly Brown, convidada para pensar o momento de homenagem junto ao Cineteatro, explica que o processo de curadoria do evento foi bem íntimo. "Priorizamos artistas mulheres com história artística, mas sem muita visibilidade", conta. "O intuito é mostrar essas pérolas".
Ela explica que a palavra central do evento é o "resgate da memória imaterial", valorizando as experiências individuais e coletivas dessas artistas batuqueiras que compõem, tocam, atuam, dançam e recitam.
Em destaque na programação, o Coco Mulher é um encontro inédito de cinco artistas nordestinas: Klévia do Iguape, Kassia Oliveira, Flávia Soledade, Lais Santos e Michele Tajra.
Compositora popular há 20 anos, a integrante Michele Tajra comemora. "Ser artista mulher e da cultura popular tem sido difícil, então, foi muito feliz receber esse convite. Um show como esse é oportunidade de termos voz ativa sobre nossos pensamentos, além de mostrar a força da música nordestina da mulher".
Clau Aniz apresenta Filha de Mil Mulheres
Quando: quinta-feira, 28, às 19 horas
Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro)
Quanto: Os ingressos já podem ser adquiridos no valor de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Ingressos: disponíveis na bilheteria do equipamento cultural e no site tudus.com.br
Entrada: limitada a 70 lugares