O filme belga Girl foi apresentado em diversos festivais de cinema pelo mundo, incluindo Cannes, durante o ano passado. O público brasileiro, no entanto, só passou a conhecer a história de Lara em janeiro deste ano, após a Netflix apresentá-la como mais uma produção original do catálogo. Apesar de ter conquistado quatro prêmios, incluindo o de melhor diretor para Lukas Dhont, o longa tem levantado algumas discussões sobre o modo como foi abordado alguns assuntos, à exemplo da transexualidade.
Na trama, Lara, interpretada pelo jovem ator Victor Polster, é uma adolescente transexual de 15 anos que sonha em ser uma bailarina reconhecida. Nascida num corpo de um menino, acompanhamos Lara e sua família durante o processo de preparação para a mudança de sexo, ao mesmo tempo em que a garota se depara com as dificuldades na escola de dança, onde precisa conquistar o seu lugar dia após dia.
Assim que os espectadores clicam no filme no serviço de streaming, antes de iniciar de fato a reprodução, é possível ver um aviso que revela que "este filme trata de temas delicados e contém sexo, nudez e automutilação". Além disso, este alerta recomenda que os espectadores acessem o site gilmovie.info para mais informações sobre o assunto. Neste site é possível, também, encontrar detalhes sobre o projeto de uma linha telefônica 24 horas confidencial e gratuita para jovens LGBTQ nos Estados Unidos.
Desde sua estreia nos Estados Unidos, em novembro passado, o longa tem recebido algumas críticas, que vão desde cenas de violência contra pessoas transexuais, até o fato da produção ter sido dirigida por um homem cisgênero (que se identifica com o gênero de nascença) e ter como protagonista, também, um ator homem cisgênero. Após tantas críticas, Nora Monsecour, a bailarina que inspirou a história do filme, resolveu responder àqueles que criticaram a produção por estes motivos.
"Quem está criticando Girl está impedindo que outras histórias trans sejam compartilhadas com o mundo. Todos os dias em vejo pessoas trans lutando por seus sonhos. Eles não são fracos e frágeis e Girl conta uma história sem mentiras. Dizer que a experiência de Lara, não é válida por termos um ator cis ou por ter sido dirigida por Lukas (Dhont), acaba me ofendendo" escreveu Monsecour em publicação do Hollywood Reporter.
Apesar de algumas críticas, a história de Lara tem um objetivo para além de qualquer coisa: a reflexão. Acompanhamos Lara durante seus tratamentos para a mudança de sexo, na escola de dança, em casa com seu adorável pai e irmão. E em quase todos esses lugares, a adolescente recebe apoio e compreensão, principalmente de seu pai, sendo os dois responsáveis pela relação mais emocionante da filme. Porém, apesar de tanto amor e carinho, Lara passa por uma luta muito maior dentro de si. Uma luta que precisa ser melhor compreendida e respeitada pela sociedade. Essa, além de qualquer coisa, deveria ser a mensagem que Girl passa para seu público.
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