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Um dia para festejar os quadrinhos cearenses
Vida & Arte

Um dia para festejar os quadrinhos cearenses

Na data em que se celebra o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, a cena cearense, que já conta com nomes de destaque nacional, festeja o crescente interesse na produção e no consumo do produto no Estado e no País
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Sabryna Esmeraldo

sabryna@opovo.com.br

 

Aos 23 anos, a quadrinista Dhiovana Barroso – Dhiôw, como é conhecida – contabiliza mais de 50 mil curtidas na página Adivinha Dindi, onde publica quadrinhos autobiográficos. Seguindo caminho diferente, Talles Rodrigues, 28, dedica-se, em geral, a quadrinhos ficcionais, como o Mayara & Annabelle, sobre duas funcionárias públicas em uma secretaria que combate monstros pela cidade.


Em contraste com essa nova geração, Carlos Henrique Santos da Costa, o Guabiras, contabiliza 19 anos de trabalho no O POVO e traz uma história permeada de grandes trabalhos, prêmios e paixão diária pelo que faz. Diferentes em estilos, gerações e influências, os três têm algo em comum: estão inseridos na já forte e crescente cena de quadrinhos do Ceará.

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Talento cearense

Fascinado por desenhos desde criança, Guabiras começou a desenhar copiando revistas como a MAD. No colégio, o interesse chegava a atrapalhar os estudos. Hoje, ele já conta cerca de 5 mil tirinhas e mais de 50 títulos de fanzine produzidos. Além disso, o quadrinista segue contribuindo para coletâneas como o Gibi Quântico e mantém extensa produção disponibilizada em blog pessoal e revistas como Tarja Preta e a própria MAD.

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“A maioria das pessoas que eu admirava antes, hoje, são meus amigos. Mas não foi fácil”, afirma o quadrinista. No começo deste ano, Guabiras comemorou a conquista do Prêmio Angelo Agostini, na categoria ‘’Melhor Cartunista de 2016’’, reconhecimento sobre o qual fala emocionado. “Foi o retorno do trabalho que fiz. Os amigos brincam que eu sou doido, que produzo demais. Nesses 19 anos, todo dia eu aprendo uma coisa”, celebra o artista.


Nova geração

Estudante de Jornalismo e Artes Visuais, Dhiôw encontrou nas redes sociais um dos estímulos para começar a fazer quadrinhos. “Via quadrinhos sobre músicas, cotidiano e pensava ‘posso fazer isso também’”, conta. Atualmente, ela comercializa seu trabalho nas redes e em eventos como o Mercado dos Quadrinhos e a Feira Livre de Quadrinhos. Nesses eventos, inclusive, a presença feminina já chega a ser maior que a masculina. “O universo dos quadrinhos sempre foi muito machista. Esse espaço para as meninas é bom para mudar isso”.

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Com um estilo diferente de trabalho, Talles Rodrigues já conquistou espaço na cena de quadrinhos. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), instituição em que também cursou a Oficina de Quadrinhos, ele teve destaque já com seu trabalho de conclusão de curso, o quadrinho-reportagem Corta-Bundas. Mas foi da parceria com Pablo Casado que nasceu o queridinho Mayara & Annabelle, que já está na terceira edição. A obra concorreu ao prêmio HQ Mix, considerado o Oscar dos quadrinhos no Brasil. “É muito legal ver o quadrinho cearense crescendo. É uma validação”.


Cena cearense

O espaço de divulgação das redes sociais e de eventos são apontados pelos quadrinistas como fundamentais no estímulo da produção e do consumo do quadrinho local. Para Rodrigues, os cursos já disponíveis na área também são protagonistas nesse processo. “Temos vários cursos bons. A procura pelo quadrinho brasileiro está aumentando. Sinto que, tirando São Paulo e Rio de Janeiro, o Ceará é um dos maiores no Brasil.”

 

Entre os conselhos para entrar nesse universo, os quadrinistas ressaltam a importância de conhecer obras de outros artistas, conversar sobre o mercado e mostrar seu trabalho. Segundo Guabiras, há espaço para todos, desde que se saiba utilizá-lo. “Você tem que divulgar, faz um blog, cria uma página, tira os desenhos da gaveta. Eu não tenho uma ideia na cabeça, porque quando tenho eu já faço”, afirma.


Para Dhiôw, o Ceará continuará se destacando. “Estamos atingindo um novo público agora, mais novo. Antes era um público que já consumia muita coisa de fora e não sabia o que temos aqui dentro. Temos muito potencial aqui”.


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