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Conheça quatro artistas africanos que valorizam a cultura negra
Vida & Arte

Conheça quatro artistas africanos que valorizam a cultura negra

Cantora Beyoncé dividiu opiniões ao divulgar ensaio pautado na estética kitsch. Conheça o autor da imagem e outros três fotógrafos africanos
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Gabriela Custódio
ESPECIAL PARA O POVO

gabrielacustodio@opovo.com.br

 

Flores saindo de um carro antigo, fundo falso imitando o céu e a diva pop Beyoncé, grávida de gêmeos. A foto, de autoria de Awol Erizku — nascido na Etiópia e radicado nos Estados Unidos — faz parte do ensaio que a cantora divulgou por meio do site oficial para anunciar a gravidez aos fãs. A imagem postada no Instagram (@beyonce) tornou-se o centro das atenções, viralizou e tomou o posto de foto mais curtida da rede social, com mais de 10 milhões de likes.


Repleto de elementos da estética kitsch — que tem como uma de suas características o exagero de elementos e de cores —, o ensaio foi centro de polêmicas na internet desde a divulgação. Muitos criticaram a foto viral, taxando a composição como “brega” e “feia”. Outros internautas, como Stephanie Ribeiro, arquiteta e militante do feminismo negro, posicionaram-se por meio das redes sociais para falar sobre a valorização da estética e da cultura africanas.


Lançado no início de fevereiro — que, nos Estados Unidos, é considerado o mês da história negra —, o ensaio traz elementos da história e da cultura africanas. Estão presentes, por exemplo, referências a Oxum, a Nefertiti e a Iemanjá. Daniela Vesco, fotógrafa oficial de Beyoncé, e Kaleb Steele também foram responsáveis por fotos do ensaio de gestante da cantora.


Conheça, abaixo, mais informações sobre o trabalho de Awol Erizku e de outros três fotógrafos africanos que trazem fortes elementos da cultura local e valorizam a identidade do continente por meio de suas produções.


AWOL ERIZKU

Natural da Etiópia, Awol Erizku estudou na Cooper Union School of Art. Por meio da fotografia, o artista registra a moda e a cultura negras no Bronx, onde mora em Nova York. Em um de seus projetos, Erizku recria obras clássicas da pintura europeia com modelos negras. A moça com brinco de pérolas, obra do pintor holandês Johannes Vermeer, datada de aproximadamente 1665, por exemplo, vira A moça com brinco de bambu. O conceito também foi levado para o ensaio da cantora, que, em uma das fotos, reproduziu O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli. Além de atuar como fotógrafo, Erizku investe na música, na escultura e na pintura. O carro no qual Beyoncé está em cima, no ensaio, é obra de Awol, chamada Ask the Dust.

 

LEONCE RAPHAEL AGBODJELOU

Nascido em Porto Novo, capital oficial da República do Benin, na África Ocidental, Leonce Raphael Agbodjelou aprendeu a fotografar com o pai, Joseph Moise Agbodjelou. Com a série “Cidadão de Porto Novo”, o fotógrafo retrata pessoas da cidade natal com foco em aspectos culturais e sociais, como rituais religiosos. Os registros retratam amigos, familiares e clientes, utilizando as ruas da cidade, paredes de tijolos, o interior da casa do artista ou tecidos coloridos e estampados como cenário. Leonce é fundador e diretor da primeira escola de fotografia de Benim e presidente da Associação de Fotógrafos de Porto Novo.

ZINA SARO-WIWA

Além de trabalhar essencialmente com vídeos, Zina Saro-Wiwa também fotografa, faz documentários e curta-metragens e é curadora de exposições. Nascida na Nigéria, na África Ocidental, Zina fundou a galeria de arte contemporânea Boys’ Quarters Project Space, na cidade de Port Harcourt, na Nigéria. Em suas obras, a artista explora situações “altamente pessoais”, como afirma em seu site. Seu primeiro documentário, intitulado This is my Africa, foi exibido na Stevenson Gallery, na Cidade do Cabo, e participou de festivais de filmes. Posteriormente, Zina expôs trabalhos em espaços como a Fundação Pulitzer; o museu de Arte Moderna de Estocolmo; o Fowler Museum, de Los Angeles; e o Brooklyn Museum, em Nova York.

ATONG ATEM

Nascida em Bor, no Sudão do Sul, Atong Atem mora em Melbourne, na Austrália, desde pequena. “Eu não me sinto nem sul-sudanesa, nem australiana o suficiente”, afirmou em entrevista à revista i-D. Pelos próprios questionamentos, a fotógrafa e escritora registra a identidade cultural de africanos que, assim como ela, migraram para a Austrália. Atong Atem explica, também, que seu trabalho simula as fotografias de estúdio introduzidas no território africano pelos britânicos. Em seu site profissional, ela afirma que seu trabalho “explora as práticas pós-coloniais na diáspora, a relação entre espaço público e privado e a política de olhar e ser olhado”.

 

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