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Jards Macalé bem de perto
Vida & Arte

Jards Macalé bem de perto

Comemorando 50 anos da Tropicália, o músico carioca apresenta show intimista. Serão cinco apresentações de hoje até domingo
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Renato Abê

renatoabe@opovo.com.br

 

Jards Macalé passou a vida lutando contra rótulos. Hoje, porém, o músico leva essa questão com jogo de cintura. “Maldito é um adjetivo até interessante”, diz, após renegar por anos o título que ganhou do mercado fonográfico brasileiro ao lado de nomes como Jorge Mautner e Tom Zé. “A Tropicália faz 50 anos, estive sempre junto”, admite, depois de tanta recusa à fama de tropicalista. Desconstruindo a si mesmo aos 73 anos, o cantor e compositor se apresenta na Capital, de hoje a domingo, na Caixa Cultural com o show JM & JM - Jards Macalé por Jards Macalé.


“O que faço é música. A verdade é que eu não sou nenhum desses rótulos. Eu sou um músico brasileiro, nada mais do que é isso”, recobra o discurso. Para o artista, autor de canções como Vapor Barato e Mal Secreto, a necessidade de cercar sua carreira com um estereótipo nasceu da incompreensão do que ele começou a produzir ainda nos anos 1970. “Foi uma preguiça da audição dos outros de ver uma coisa nova nascendo. Denominaram de maldito e, no início, fazia uma diferença, mas olha a definição de maldito no dicionário, é horrível”, ri o hoje consagrado artista.


Já o Tropicalismo foi um movimento que Macalé viveu bem de perto, inclusive abrigando em sua casa uma jovem Maria Bethânia em início de carreira. “O pessoal da Bahia morou na minha casa, estivemos sempre juntos. Colaborei muito com o (disco) Transa, do Caetano, fui para Londres com ele, somos amigos”, conta, destacando a proximidade, mas pontuando não ser diretamente protagonista do movimento. “Eu sou pré-tropicalista e pós-tropicalista”, tenta cercar.

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No fim as contas, Macalé é isso e muito mais. “Sou anarquista, pacifista e construtivista”, elabora. Para ele, anarquia é sinônimo de liberdade. “Ser anarquista é poder ter seu próprio pensamento. É fazer a diferença”, conceitua.


O músico que outrora reuniu em torno de si nomes como Chico Buarque, Gal Costa e Raul Seixas para cantar a liberdade em meio à ditadura militar (show que resultou no disco O banquete dos mendigos, de 1974), mas que também foi acusado posteriormente de se “vender” ao regime, hoje é só desânimo ao falar de política brasileira. “Atualmente está muito difícil separar esquerda e direita”, aponta.


Íntimo e jovem

O espetáculo apresentando na Caixa Cultural a partir de hoje faz um passeio pela trajetória do músico, relembrando seus grandes sucessos, como Movimento dos barcos e Acertei no milhar. O destaque vai para as músicas do primeiro disco da carreira dele, que leva o nome do artista e foi lançando em 1972. Além das próprias canções, para homenagear a Tropicália, Macalé traz também composições de Jorge Mautner e Moreira Da Silva. Ele abre espaço ainda para outros parceiros como Waly Salomão, Duda Machado e Torquato Neto.

 

Sobre o público que acompanha seu trabalho, Jards diz que há uma renovação e, cada vez mais, jovens se interessam pela sua obra. “É uma troca. Eu me alimento dessa juventude, fico conhecendo o que eles fazem. É muito saudável”, conta. Para o artista, é importante “estar de olho” em jovens músicos. Ele conta que a banda que o acompanha no show completo só tem artistas entre 18 e 28 anos.


Apontando ter grandes amigos na Capital, como Fausto Nilo, Macalé é só ansiedade para voltar a se apresentar por aqui. “Fortaleza é uma maravilha de cidade”, diz, se consertando: “Pelo menos para nós que olhamos de fora”, se diverte.

 

SERVIÇO

 

Show Jards Macalé

Quando: hoje, às 20 horas. Sábado, às 18 horas e 20 horas. Domingo, às 17 horas e 19 horas.

Onde: Caixa Cultura (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema).
Quanto: R$ 20 (inteira)

Telefone: 34532770

 
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