Renato Abê
renatoabe@opovo.com.brAos 19 anos, Kurt Cobain foi detido pela polícia de Aberdeen, em Washington. O motivo? ele pichou “Deus é gay” no muro de um prédio público. O episódio, ocorrido em 1987, é emblemático para entender quem foi aquela figura que conquistou holofotes do mundo inteiro à frente do Nirvana, banda lançada naquele mesmo ano da prisão. Kurt era sensibilidade e atrevimento à flor da pele. Mesmo não sendo homossexual, ele se mostrava sensível à causa LGBT e, em seus 27 anos de vida, fez questão de fugir à regra social - e musical - estabelecida. Hoje, há exatos 50 anos do seu nascimento, o Vida&Arte relembra a força controversa do músico que renovou o rock nos anos 1990.
[SAIBAMAIS]“Kurt demonstrava ser um figura altamente sensível e que parecia sofrer bastante com as injustiças do mundo. Isso fica bem claro nas composições dele”, aponta o músico Ricardo Pinheiro, baterista da Renegados, banda de rock cearense que, entre outras referências, bebe na fonte do Nirvana. “A atitude rock and roll dele foi importante para a retomada do rock, que estava meio perdido nos anos 1980”, avalia Ricardo sobre o artista que firmou mundo afora o grunge, subgênero musical entre hardcore e o indie.
Amaudson Ximenes, presidente da Associação Cearense do Rock (ACR), aponta não compor a geração de roqueiros que foi diretamente influenciada por Kurt. Para ele, porém, o músico norte-americano foi importante para a história do rock por quebrar as relações estabelecidas entre o gênero musical e o mercado da música. “Ele batia de frente com a indústria fonográfica, ele não cedia à pressão imposta pela indústria”, relembra o pesquisador que é também produtor de eventos como Forcaos e Rock Cordel.
[QUOTE1]“Ele era um ícone de subversão, enquanto muitos na década de 1990 estavam mais ligados aos movimentos pop, o Kurt quebrou paradigmas não só pelas letras e as melodias, mas pelo forma de portar nos palcos, as roupas”, destaca Sharon Dias, fã do músico e que tem como livro de cabeceira Mais Pesado Que o Céu - Uma Biografia de Kurt Cobain, do jornalista Charles R. Cross. Para a geógrafa de 30 anos, que diz ter crescido ao som do Nirvana, Kurt levava os dilemas da própria vida para o palco. “Com relação às músicas, elas tinham letras pesadas e a forma como ele cantava refletia muito a forma como ele vivia”, conta, apontando a leitura da biografia como fundamental para entender o homem por trás da “lenda”.
“Kurt deu uma sacolejada no rock. Foi uma grande surpresa na época, foi um impacto que fez surgir outras novidades”, aponta Leontino Eugênio, criador e proprietário do Botija Discos, sebo especializado em vinil que funciona no Bairro de Fátima. “Kurt é aquele grande marco da década de 1990”, resume.
Love?
Em 1992, Kurt se casa com Courtney Love, vocalista da banda Hole. A relação dos dois é turbulenta e marcada pelo consumo de drogas.Filha
Também no ano do casamento, nasce Frances Bean Cobain, única filha do casal. Hoje, aos 24 anos, ela é artista visual e destaque no meio da moda.
Kurt no Brasil
Em 1993, o Nirvana veio ao Brasil. A passagem de Kurt por aqui foi marcada por quebradeira no palco e cuspes nas câmeras de TV.Mutantes
Por aqui, Kurt foi apresentado pelo músico Bill Bartell ao som dos Mutantes. O líder do Nirvana se encantou pelo trio e chegou a escrever uma carta para Arnaldo Baptista.
Último disco
As primeiras gravações de In Utero, terceiro CD do Nirvana, começaram a ser feita no pequeno estúdio BMG-Ariola, no Rio de Janeiro.
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