A parceria entre o Cinema do Dragão e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que começou em setembro de 2013, chegará oficialmente ao fim em abril próximo. O contrato entre as partes terminou há seis meses e a decisão foi por não renová-lo. O anúncio oficial da nova marca do cinema, que voltará a ser “do Dragão”, deve acontecer antes da Maloca (programação de aniversário do Centro Cultural), segundo afirmou em entrevista ao O POVO o diretor do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares.
A decisão pela não renovação, como explica Paulo, foi motivada por mudanças na coordenadoria de Cinema da Fundaj. Em outubro de 2016, o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que ocupava o cargo de coordenador há 18 anos, pediu exoneração. O parceiro de Kleber, o crítico Luiz Joaquim, ocupou interinamente a coordenadoria até janeiro deste ano, quando a jornalista Ana Farache foi anunciada como a nova coordenadora.
“Começamos a parceria muito por conta da confiança e da relação que tínhamos com o Kleber, o Luiz Joaquim e a Silvana Meireles (ex-diretora de cultura da Fundaj)”, inicia. “O Kleber e o Joaquim funcionaram como tutores para a nossa curadoria. Houve uma sincronia de valores e ações conjuntas e, a partir do momento da saída do Kleber, já não existia praticamente relação nenhuma”, afirma Paulo.
Segundo Pedro Azevedo, curador do Cinema do Dragão desde a sua reabertura, o fim do acordo não irá impactar na programação das salas. “A nossa política de programação é um marco estabelecido na Cidade e continuaremos a defender o perfil de filmes que exibimos, assim como as ações de mostras especiais e festivais que compõem o nosso calendário anual”, afirma.
“O Cinema do Dragão é, hoje, referência nacional. Acredito que chegamos num momento em que a nossa identidade própria e sustentabilidade são inegáveis. Era natural que avançássemos em nossas próprias políticas de programação e gestão das salas, de acordo com as demandas locais”, conclui Pedro.
Por outro lado, a Fundação Joaquim Nabuco diz ainda desconhecer o encerramento da parceria. “Eu acabo de falar com o setor de cinema e essa notícia não tem procedência. O que a gente deseja é renovar a parceria. Eu acredito que é bom que ela prossiga, talvez em novos termos. É uma das parcerias que mais deram resultados”, aponta Antônio Carlos Montenegro, diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj. (João Gabriel Trés)