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Cantar, dançar e atuar com rigor técnico e potência artística. Esse é o desafio de setenta jovens de diferentes regiões do País que estão vivenciando esta semana em Fortaleza a intensiva experiência do projeto Broadway Brasil. Nascida da parceria do produtor e cineasta Allan Deberton com o diretor artístico André Gress, a iniciativa oferece gratuitamente formação em teatro musical por meio de oficinas e palestras com profissionais nacionais e internacionais. No próximo fim de semana, o resultado do projeto será apresentado em Cabaret Show na Caixa Cultural, na Praia de Iracema.

“Você tem que perder esses vícios”, “Coro, entra na pressão!” e “Cuidado com a sua voz” foram algumas das expressões ditas e repetidas pelo diretor musical Marcelo Castro, carioca convidado para integrar o projeto, durante o ensaio que foi acompanhado pelo Vida&Arte na última terça-feira, 18. O clima nos bastidores é de seriedade e disciplina e, de um dia para o outro de oficina, cada participante tem de decorar cerca de cinco novas músicas, ensaiar passos de dança e criar figurinos para as apresentações de sábado e domingo.

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“Eu fiquei muito surpreso com a bagagem de muita gente que está aqui. Eles têm material bom e não tem oportunidade por estar fora do eixo Rio-São Paulo”, aponta Marcelo, que há 17 anos trabalha no mercado musical como maestro e pianista. O artista destaca que, por mais que muitos dos participantes já tenham experiência de palco, essa modalidade necessita de diferentes desenvolturas. “Teatro musical é, sobretudo, técnica. Tem exigências diferentes, porque no teatro de texto você não precisa afinar uma nota, dançar e dizer texto plantando bananeira, por exemplo. Por isso o teatro musical tem outro tipo de preparo”, assegura.

Apesar da experiência como cantora e atriz, a cearense Luiza Nobel, 24 anos, está “sofrendo” no processo de montagem do Cabaret Show quando o quesito é dança. “Eu quis desistir e nem me apresentar, mas o Nick (Adams, artista norte-americano convidado) me convenceu a superar o medo e me dispor a dançar”, conta. Para a ela, a experiência é importante por revelar outra forma de criação teatral para artistas que não teriam acesso a esses modos de fazer. Luiza, porém, destaca a dificuldade de por em prática nas montagens locais o que está aprendendo no Broadway Brasil. “É um modelo muito caro de fazer teatro, precisaria de incentivo público e privado”, contrapõe.

Essa é a terceira edição do projeto, que começou em 2013, teve uma pausa para se reformular, e voltou ano passado. O pernambucano Raphael Mota, 22, participa pela segunda vez. “Senti uma necessidade de vir de novo, porque eu não consegui me mostrar o suficiente no ano passado. Estamos trabalhando com isso aqui no Nordeste e quem sabe dessa experiência não pode vir uma grande oportunidade?”, confia o apaixonado por musicais, que passou pelo processo de seleção, foi aprovado e, neste ano, conseguiu solo nas músicas que serão apresentadas no show. Sobre a pressão vivida nesses dias, ele afirma que é uma oportunidade de ser treinar para o mercado. “Na audição eu só tive 20 segundos para cantar, a gente tem que se acostumar com isso. Lá fora a coisa é assim”, acredita.

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“Esse projeto funciona como um sopro. Às vezes só falta alguém para acreditar no nosso trabalho e o Broadway Brasil é esse empurrão”, afirma o diretor-geral André Gress. “A gente seleciona 60% aqui do Ceará e dá a oportunidade para pessoas de todas as regiões. Aqui tem todo tipo de sotaque”, comemora, sobre a diversidade de perfis entre os selecionados.

Idealizador da ação, Allan Deberton celebra o amadurecimento conquistado neste ano. “É um projeto gratuito que só é possível através do edital cultural da Caixa e da parceria com a Broadway Dreams Foudation, uma instituição filantrópica de Nova York”, aponta. Ano que vem a ação nascida no Ceará deve se expandir e ter uma edição em Brasília. “Vamos levar o projeto também para o centro do Brasil, para ser uma oportunidade para outros
aspirantes”, projeta.

 

SERVIÇO

 

Cabaret Show

Quando: sábado, 22, às 20 horas, domingo, 23, 16 horas e 19 horas

Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)

Quanto: R$ 20 (inteira)

Telefone: 34532770