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Homenageada pela Cine OP, Cristina Amaral fala sobre machismo e cinema
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Homenageada pela Cine OP, Cristina Amaral fala sobre machismo e cinema

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No audiovisual, atores, atrizes, diretores e roteiristas costumam ser as figuras que aparecem, falam, têm as carreiras seguidas por fãs. Porém, quem está nos bastidores também tem muita coisa para falar. É o caso de Cristina Amaral, montadora e produtora cinematográfica, que recebeu uma homenagem durante a 12ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, que termina hoje. Pegando emprestada a temática do festival - Quem conta a história no cinema brasileiro? -, O POVO conversou com Cristina sobre o espaço da mulher, os processos históricos e as dificuldades da autoralidade no cinema.


Formada em Cinema pela Escola de Comunicação e Artes da USP e com uma carreira marcada por parcerias com grandes nomes do Cinema Marginal Brasileiro, como Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci, Cristina encarou nos estudos e na vida profissional uma maioria de homens.

Mesmo afirmando que “pessoalmente” nunca sentiu o preconceito afetar seus passos, a montadora recupera uma memória que revela o machismo da indústria. “Lembro de um professor convidado de fotografia que não deixava as meninas colocarem a mão na câmera! A gente ficava como um objeto a ser filmado”. “Na minha casa, a orientação sempre foi que menino e menina iam estudar, trabalhar, ter responsabilidade. Se (alguém) chegasse com um raciocínio machista para cima de mim, era um ‘ah, meu, vai pastar!’”.


Em relação ao recorte da CineOP, que valoriza a história, Cristina avalia como “fundamental” entender os processos do cinema brasileiro. “Nós tivemos alguns processos difíceis: o momento fatídico do Collor, que tivemos que retomar, reconstruir uma legislação de cinema. Teve o contato entre o cinema e a política, veio essa mazela do lobby, a coisa política entrou na atividade cinematográfica”, ilustra. “Fomos caminhando e se chegou numa coisa que eu também acho ruim, e preciso explicar bem: a questão das leis de incentivo”.


Uma das principais formas de financiamento do cinema, essas leis são criticadas por significarem, segundo ela, “um Estado abrir mão de gerenciar sua cultura”. “Uma pessoa tem dinheiro para contratar um roteirista, o Walter Carvalho (fotógrafo brasileiro), um diretor de atores.

Frequenta o set para dizer ‘ação’ e ‘corta’. Depois paga uma boa assessoria e tem a capa da Ilustrada (caderno cultural da Folha de S.

Paulo) e a do Caderno 2 (caderno cultural do Estado de S. Paulo) para falar bobagem”, ironiza. “Ao mesmo tempo, os realizadores de verdade continuam tendo uma enorme dificuldade para filmar porque não têm essa relação e não facilitam o próprio trabalho”, avalia. “Na hora que começa um ‘agora vai!’, vem alguma coisa que puxa o tapete. A gente precisa entender essa história para ver como lida com isso. O que sobra? De novo, a guerrilha. Sempre. O tempo inteiro. A gente tem que saber disso”.

O repórter viajou a convite da produção do evento.

 

O POVO online

 

Leia a entrevista completa http://bit.ly/2s7ynqX

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