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Enquanto País vem assistindo a uma operação de “limpeza social e urbana” realizada pelo prefeito João Dória (SP) na região conhecida como Cracolândia, urge nos palcos fortalezenses um espetáculo que fala exatamente de higienização social. O tempo e os espaços são outros. A peça não fala da megalópole do Sudeste em pleno 2017, mas evidencia ações de segregação social no Ceará na década de 1930. Montagem do coletivo baiano Ponto Zero, Curral Grande chega hoje à Caixa Cultural, às 20 horas, e segue em cartaz amanhã e domingo, 4.

“O tema é o que nos move a fazer o espetáculo. Queremos denunciar esses acontecimentos que foram apagados dos livros de história e que são um processo muito semelhante ao que acontece hoje em dia com essas ações de gentrificação social”, aponta o ator Lucas Lacerda, destacando a gentrificação como a ação de “melhoramento” de uma zona urbana seguido do afastamento de populações mais pobres e “menos atrativa”, a exemplo do que aconteceu na região portuária do Rio de Janeiro. Lucas divide a cena com Brisa Rodrigues, Brunna Scavuzzi e Carlos Darzé. Dirigida por Eduardo Machado, a peça parte da obra do dramaturgo cearense Marcos Barbosa.

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Para evidenciar o que acontecia nos campos de concentração que aglomeravam pessoas vindas do Interior fugidas da seca e que não tinham onde morar em Fortaleza, o grupo teatral se vale de recursos cênicos variados. O espetáculo é composto por oito cenas independentes, porém correlacionadas, que apresentam diversas facetas da história — por meio de personagens que moram em uma casa simples no meio do sertão, também uma família rica de Fortaleza, assim como na cúpula do Governo. São mais de 40 personagens, estabelecendo um jogo com formas estéticas diferentes: da construção realista à caricatura, do teatro épico narrativo à contação de história. A encenação faz referência também ao século passado, utilizando técnicas da rádio novela e do cinema mudo.

“As histórias dos campos de concentração são um capítulo triste e importante para entender a construção do País, mas a maioria (dos brasileiros) desconhece o que aconteceu”, aponta Lucas. Segundo o ator, o coletivo é formado por artistas atentos com questões políticas e objetiva questionar junto com o público processos que ainda acontecem. “Há ações dos governos que estimulam uma maior segregação social, quanto mais maquiado e dividido, melhor para eles. É uma temática urgente que precisa ser denunciada”, confirma.

 

SERVIÇO

 

Curral Grande.

Quando: hoje, às 20 horas; sábado às 18 horas e 20 horas; e domingo às 19 horas

Onde: Caixa Cultural (av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
Quanto: R$ 10 (inteira)

Telefone: 3453 2770