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Yara Amaral tem sua vida contada em biografia
Vida & Arte

Yara Amaral tem sua vida contada em biografia

Vítima do naufrágio do Bateau Mouche, a atriz paulista Yara Amaral tem sua vida contada em pesquisa extensa que relaciona a trajetória da artista à história da dramaturgia nacional
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Na TV, novelas como Irmãos Coragem, Dancin’ Days e Fera Radical. Nos palcos, O Inspetor Geral, A Megera Domada e Os Fuzis da Senhora Carrar. E nos cinemas, A Dama do Lotação, O Rei da Noite e Mulher Objeto. Em 52 anos de vida, a atriz Yara Amaral construiu carreira sólida com currículo extenso. Morta tragicamente no naufrágio do barco Bateau Mouche na Baía de Guanabara, durante as celebrações do Réveillon de 1989, a arista tem agora sua trajetória contada na biografia Yara Amaral - A operária do teatro. A obra é escrita pelo ator e dramaturgo Eduardo Rieche e tem o prefácio assinado pelo ator, diretor e produtor cultural Sérgio Mamberti.


“Yara emprestava seu talento e sua inteligência com o mesmo empenho para os veículos que melhor soubessem aproveitá-los”, aponta o autor, destacando a versatilidade da intérprete. Diferentemente de outros nomes da sua geração, ela não buscou eleger o trabalho na televisão como principal condutor da sua carreira. “Yara se definia como uma ‘operária do teatro’, no sentido de acreditar que sua carreira deveria ser construída de forma lenta, contínua e incansável, sem qualquer tipo de concessão”, diz. Ele completa: “Quando fez seu primeiro papel de destaque na Rede Globo, Yara, então com 41 anos de idade, levou consigo esses mesmos princípios. Ela jamais se definiu como ‘uma atriz de televisão’”.

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Ela integrou o elenco de espetáculos de destaque na dramaturgia nacional como o Arena Conta Tiradentes (1967), de Gianfrancesco Guarnieri, e participou também do Grêmio Dramático Brasileiro, de Aderbal Freire Filho. “Procurei relacionar sempre a trajetória da Yara com os acontecimentos do País e o desenvolvimento de nossa dramaturgia, porque acredito que o contexto histórico define grande parte de nossas escolhas”, detalha o autor sobre a relação entre os trabalhos escolhidos pela atriz e a relação deles com contextos como o da ditadura militar.


O livro tem 736 páginas, mais de 300 imagens, muitas delas inéditas, e depoimento de 105 personalidades. “Creio que a maior complexidade esteja nessa própria tentativa de ‘religar’ os fios da história, apurar os fatos e suas diversas versões, preencher as lacunas e aparar as arestas”, avalia Eduardo sobre o trabalho de pesquisa que, desde 1999, vem amadurecendo e que, agora, é finalizado com a publicação que chega ao público. “Mas é preciso ter em mente que toda biografia será sempre uma aproximação. Como afirmo na introdução do livro, este trabalho é o resultado do que a própria história me permitiu fazer”, ressalta.


Também ator, o biógrafo evidencia a importância que Yara teve para a trajetória dele. “Ela foi a grande responsável por despertar meu interesse pelo teatro. Como espectador, assisti aos últimos cinco espetáculos dos quais ela participou, todos eles encenados no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro”, relembra. Munido desse desejo de destacar a atriz, ele se aprofundou na tarefa de trazer à tona mais uma vez o talento e força dela. “O nome de Yara Amaral começava a cair no esquecimento, e acho que ela merecia uma homenagem à altura do seu talento”, avalia o pesquisador.


Morte trágica

A artista foi uma das 55 pessoas mortas no naufrágio da embarcação Bateau Mouche, acontecimento que ganha novamente olhares a partir do livro de Eduardo. “O caso Bateau Mouche continua sendo, quase três décadas depois, um dos maiores símbolos da impunidade em nosso país. Em um país sem memória, permanentemente assolado por crises de diversas ordens, reconhecer que essa impunidade faz parte do nosso DNA é tarefa dura, mas necessária”, finaliza.

 

SERVIÇO

 

Yara Amaral - A operária do teatro

De Eduardo Rieche

Editora: Tinta Negra

736 Páginas:

Quanto: R$ 89,90

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