O anúncio deve ser feito na reunião do comitê ad hoc da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que acontece de 2 a 12 de julho em Cracóvia, na Polônia.
Sete sítios naturais, 26 culturais e um misto poderão se somar aos 1.052 lugares que já gozam desse status que reconhece neles um “valor universal excepcional” e que, justamente por isso, devem ser preservados acima de tudo.
Entre os naturais, destacam-se o Parque Nacional Los Alerces, na pré-Cordilheira dos Andes na Argentina, e as Florestas Primárias de Faia dos Cárpatos e de outras regiões europeias, entre elas a Espanha.
Além de ser um motivo de orgulho nacional, integrar a lista pode disparar o número de turistas e alavancar o volume de recursos econômicos. Ao mesmo tempo, pode levantar polêmicas nacionais, ou gerar atritos diplomáticos.
Depois das resoluções da Unesco sobre Jerusalém, as quais deflagraram protestos por parte de Israel ao ser considerado “potência ocupante”, o comitê tratará de outro caso espinhoso: a inscrição, solicitada pelos palestinos de forma urgente, da Cidade Velha de Hebron. Essa cidade abriga o Túmulo dos Patriarcas, onde estariam os restos mortais de Abraão, pai das três religiões monoteístas.
“A geopolítica é complicada nessa região”, admitiu a diretora do Centro de Patrimônio Mundial da Unesco, Mechtild Rössler, ressaltando, porém, que “não se trata de política”. “As decisões são técnicas, e o objetivo é preservar patrimônios de valor excepcional”, garantiu.
Os debates sobre as novas nomeações serão, especificamente, entre 7 e 9 de julho. Nos dias anteriores, o comitê formado por 21 países examinará o estado de conservação dos bens que já integram a lista.
Cinco deles estariam com indicação para serem transferidos para a categoria de “patrimônio em perigo”, incluindo - pelo terceiro ano consecutivo - o vale de Katmandu, devastado por um violento terremoto em 2015. O Nepal discorda, temendo uma queda no número de turistas.
Também podem ser declaradas em perigo as 244 ilhas e áreas protegidas do Golfo da Califórnia (México), um “laboratório” para os cientistas, onde vivem 39% e 33% do total mundial das espécies de mamíferos marinhos e de cetáceos, respectivamente.
Brasil na lista
Entre os sítios culturais, um dos destaques é o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, considerado porta de entrada dos escravos africanos no Brasil e onde vários blocos de pedra se tornaram testemunhas dolorosas de sua história.
Também está na lista de indicados a localidade de Asmara, uma cidade modernista na África com cinemas art déco, postos de gasolina futuristas e prédios da “Itália Fascista”, segundo a apresentação feita no dossiê de candidatura da Eritreia. Já o México aspira a incluir um sítio misto: o árido Vale de Tehuacán-Cuicatlán.