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Depois de 15 anos, Tribalistas lançam segundo disco
Vida & Arte

Depois de 15 anos, Tribalistas lançam segundo disco

Depois de 15 anos, os Tribalistas se reúnem para o lançamento do segundo disco. O repertório foi adiantando em quatro canções lançadas esta semana
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Foi um susto, uma surpresa pra muita gente. Ainda mais por que tudo foi projetado às escondidas, a despeito da popularidade dos envolvidos. Mas foi assim que, em outubro de 2002, chegou às lojas o primeiro disco dos Tribalistas.


A estratégia funcionou, o disco dos Tribalistas virou febre e vendeu algumas milhares de cópias pelo mundo. Quinze anos depois, o trio volta a apostar na surpresa para anunciar um segundo projeto. Na última quinta-feira, 9, Arnaldo, Marisa e Brown promoveram um bate-papo com fãs localizados em distancias como Brasil, EUA, Argélia e Paquistão através de suas páginas no Facebook. A conversa ao vivo foi intercalada por quatro canções inéditas e contou com as presenças de Cézar Mendes e Dadi Carvalho, ambos da primeira formação de projeto, além de Pedro Baby, novo tribalista assim como Pretinho da Serrinha (que teve outro compromisso no mesmo dia).


“A gente se encontrou no último ano e meio, e criou um corpo de canções que tinha uma unidade, que se equilibravam entre si. E surgiu o desejo de fazer um registro junto”, lembra Marisa Monte. “Parece que o repertório convocou a gente”, completa Arnaldo que, ao lado dos amigos, busca deixar claro que tudo foi sendo feito sem muito planejamento. O CD e DVD do grupo devem chegar às lojas até o fim deste mês.


A primeira faixa apresentada no reencontro foi Diáspora, que fala sobre a questão dos refugiados. Abrindo com a voz grave de Arnaldo Antunes citando o Canto 11 de O Guesa (Joaquim de Sousândrade), a faixa com toques de música árabe tem ainda citação da obra Vozes D’África, de Castro Alves. Fora de memória, de Marisa, Arnaldo, Brown, Pedro e Pretinho, é um diálogo existencialista criado sobre uma base de violões, vozes e reflexões. Aliança é uma balada romântica que fala de chuva de arroz, altar, véu e grinalda, pronta para embalar casais a caminho do casamento. Por fim, Um Só é um novo hino tribalista, assim como foi a faixa Tribalistas, de 15 anos atrás.


Se na primeira encarnação do projeto eles já diziam que não queriam ter “razão, certeza, juízo ou religião”, agora eles precisam ouvir piadas e comentários que buscam conectar detalhes das letras com episódios políticos ou sociais do País. Para uns, a letra de Um Só esquece de valorizar as diferenças. Há quem diga que Diáspora é “propaganda enganosa islâmica”. Teve até quem dissesse que, diante da crise, Arnaldo, Marisa e Brown foram obrigados a voltar a trabalhar.


De fato, poucos desses comentários merecem atenção. Apesar dos 15 anos de diferença, os novos e os velhos Tribalistas se parecem em tudo. “Acho que tem mais semelhanças que diferenças”, admite Marisa sem querer teorizar. Os mesmos músicos, a mesma equipe técnica, o mesmo mistério e o mesmo modo de trabalho – imersão, com uma música sendo gravada por dia. A riqueza melódica e o apelo pop parecem ter se mantido também.


Mas será que vai fazer o mesmo sucesso? É verdade que, há 15 anos, os três viviam um momento de grande popularidade nas carreiras individuais, algo bem diferente do que se vê agora. A primeira experiência de reencontro deles, em 2013, com o single Joga Arroz, passou despercebida pelo público. Mas, antes de prever o fracasso, é bom lembrar que, se esses Arnaldo (um dos compositores mais influentes da atualidade), Marisa (uma das cantoras mais clonadas dos últimos 20 anos) e Brown (um dos músicos mais completos do Brasil) se reunirem numa turnê, algo que não aconteceu há 15 anos, vai ser difícil resistir ao apelo dos três.

 

ANTES E DEPOIS


Arnaldo Antunes

Em 2001, Arnaldo lançou Paradeiro, disco de forte apelo pop que serviu como embrião dos Tribalistas. De lá pra cá, ele mudou o rumo do seu som para uma linha mais MPB até voltar ao pop em Disco (2013). Seu último disco autoral, Já É (2015) rendeu um apático projeto ao vivo.

Carlinhos Brown

Na época que os Tribalistas surgiram, o baiano tinha três discos lançados e alguns hits na cabeça do público (A Namorada, por exemplo). O último disco do apresentador do The Voice foi Artefireaccua (2016), que não chamou a atenção do público.

 

Marisa Monte

A carioca segue como um norte para muitas cantoras brasileiras. Bonita, talentosa e dona de uma voz invejável, ela se mantém como alguns dos shows mais disputados da MPB. Para ela, os Tribalistas nasceram depois do estouro de Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (Amor I Love You). Há seis anos sem disco inédito, seu último lançamento foi uma coletânea de raridades.

 

Multimídia


Ouça as músicas em: youtube.com/user/MARISAMONTE

 

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