Renato Abê

ENVIADO À GUARAMIRANGA*

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A 24ª edição do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT) terminou no último sábado, 9, pondo fim a oito dias de programação gratuita que uniu públicos de diferentes idades e estados na cidade serrana. Montagem do Grupo Oco Teatro Laboratório (BA), a peça O Galo se consagrou vencedora
do júri popular.

“O Galo é uma grande história de amor e é bom trazer esse trabalho para Guaramiranga, que é uma cidade que eu paquero há um bom tempo. Lá na Bahia se respeita muito esse festival e eu ainda não conhecia”, afirmou a atriz Cláudia di Moura, que dividiu a cena com o ator Lúcio Tranchesi, em espetáculo dirigido por Luis Alonso. “Quando eu cheguei na Cidade, eu percebi que algo de novo poderia estar acontecendo e é muito novo ver uma juventude tão engajada no teatro, ver filas enormes para ver teatro”, celebrou a atriz, destacando o sucesso de público de todas as apresentações do evento, que aconteceram no chamado “Teatrinho” Rachel de Queiroz e em algumas escolas do município. “Eu acredito que ano que vem será ainda mais mágico. É um festival que precisa continuar e ganhar mais força”.

Gabi Gomes, atriz e produtora do grupo cearense Pavilhão da Magnólia, vislumbra um futuro ainda mais múltiplo para o evento. “A gente sempre espera ver essa variedade do teatro nordestino, porque o Brasil é cheio de linguagens, estéticas, pessoas e brilho no olho. É muito bom ver isso, perceber o quão versátil é o teatro. Só a cena fortalezense já acontece de inúmeras maneiras, imagina o teatro de cada estado do Nordeste. É muito grande”, celebrou a artista, cujo grupo compôs a mostra principal. Para ela, os eventos País afora ainda precisam atentar para a potencialidade da Região. “Não dá para pensar o teatro do Nordeste apenas enquanto valorização da cultura popular, entre outros estereótipos. Aqui todo dia eu vi coisas diferentes. Fiquei fascinada”, completou.

Para o ator baiano João Miguel, que encerrou o evento com o solo Bispo, o FNT se firma como um terreno de inventividade e resistência teatral em meio a tempos difíceis para as políticas culturais. “Não dá para a gente ficar na tristeza diante do momento (político) que o Brasil vive. O Festival de Guaramiranga é um exemplo de reunião entre os coletivos artísticos, que mostram que pode existir um novo caminho para o País”, apontou, defendendo que a arte tem papel crucial na realidade brasileira hoje.

Perspectivas

O FNT chega ano que vem à marca de um quarto de século e a organização mantém a esperança de que o Teatro Municipal Rachel de Queiroz, fechado desde 2010, finalmente seja reformado.

 

“Este ano, a gente já começou essa energia da comemoração, com essa residência que os grupos fizeram na cidade, eles moraram uma semana em casas numa mesma rua e entraram na vida cotidiana”, destaca Nilde Ferreira, diretora geral do FNT. “Para o ano que vem as comemorações continuam alargadas e estamos num esforço para o Teatro Municipal voltar para que a gente possa atender a um público maior”, diz.

Segundo ela, o projeto de reforma ganhou fôlego com a atual gestão da Secretaria da Cultura do Estado (Secult). “Com a chegada do Fabiano dos Santos na Secult, a situação do teatro avançou, nós já temos o diagnóstico. O Governo do Estado está empenhado em fazer o projeto atualizado, porque não tinha nem isso. A perspectiva é muito boa, estamos conversando com a Secult sobre os recursos e estamos otimistas”, disse, apontando que o valor exato ainda não está fechado, mas deve superar os R$ 800 mil estimado inicialmente. “Tem tempo hábil, teria que começar agora, e tem o empenho do Fabiano, a Prefeitura de Guaramiranga também está empenhada, tem uma junção de forças para dar certo”, completa Nilde.

*O repórter viajou a convite do evento