Logo O POVO+
Dona Flor e seus dois maridos joga luz sobre a sexualidade feminina
Vida & Arte

Dona Flor e seus dois maridos joga luz sobre a sexualidade feminina

Recontando a clássica história de Jorge Amado, nova versão cinematográfica de Dona Flor e seus dois maridos joga luz sobre a sexualidade feminina em trama que une sagrado e profano
Edição Impressa
Tipo Notícia
[FOTO1]

Na leitura do cineasta Pedro Vasconcelos, o dilema de Dona Flor — que se vê dividida entre o amor seguro e o desejo carnal — é comum a todos nós. “O que acontece na história é uma questão para os sete bilhões de seres humanos que hoje vivem no planeta Terra: a busca do equilíbrio”, avalia o diretor da nova versão cinematográfica de Dona Flor e Seus Dois Maridos, que estreia na próxima quinta-feira, 2. A partir da obra de Jorge Amado, Pedro reconta essa história tendo como protagonista os atores Juliana Paes (Dona Flor), Marcelo Faria (Vadinho) e Leandro Hassum (Teodoro). Esta semana, Pedro, Juliana e Marcelo estiveram em Fortaleza para divulgar o longa e os artistas conversaram com o Vida&Arte.


“Jorge Amado sabia que essa busca pela plenitude é inerente ao ser humano. Ele trabalhou isso muito bem com a figura da Dona Flor e ela nos representa por meio de uma boa história, porque o que linka o espectador com uma história é a emoção. Somos seres emocionais”, defende, com fervor, Pedro. Antes de levar a saga de Flor para às telas, ele e Marcelo contaram essa história nos palcos numa peça homônima que circulou o País a partir de 2007 - no teatro, Flor foi vivida por Carol Castro, Fernanda Vasconcellos e Fernanda Paes Leme.

[SAIBAMAIS]

“A minha relação com o Vadinho é longa e, desde os primeiros ensaios, o Pedro falou que o livro é nossa maior referência, porque está tudo ali”, aponta Marcelo. Na trama, Vadinho, malandro inveterado, é o primeiro marido de Flor. Ele, porém, trai a esposa e chega a espancá-la para tirar dinheiro dela. “Ele foi abandonado pela família e criado num baixo meretrício. Virou um malandro e não mede consequências, não tem moralidade”, detalha o ator, que apesar do carisma de Vadinho, ressalta o mau caratismo do personagem, que morre no começo na história, mas segue atormentando a esposa como espírito.


Para Juliana, Dona Flor carrega tanta força justamente por buscar compreender seus desejos, mesmo que a partir da relação com o marido morto. No enredo, a jovem viúva se casa novamente e encontra um novo amor que é o oposto do anterior. Se Vadinho oferece para a esposa um mundo de aventuras sexuais, Teodoro é a calmaria de um “papai e mamãe”. “Em alguns momentos, ela não tem total compreensão do que está acontecendo com ela entre aqueles homens, mas aquele sorriso no fim do filme revela que a vida está boa para ela”, aponta a atriz, em referência a clássica cena de Flor entre os dois maridos andando pela cidade (que ficou nacionalmente conhecida a partir do filme de 1976, quando Sônia Braga viveu Flor).


O novo longa explora a união entre elementos sagrados e profanos, encontro tão presente na literatura de Jorge Amado. Nas (muitas) cenas de sexo, rastros do sincretismo religioso compõem o cenário. “O País está mais confuso, não sei se exatamente mais careta. As pessoas estão perdidas no sentido de buscar balizadores morais”, apontou o diretor, quando questionado sobre a possibilidade de reações negativas do público, levando em consideração a conjuntura de “boicotes” a obras de arte a partir de preceitos conservadores que o País tem vivido. “A história propõe certo grito de liberdade”, sintetiza.

 

O que você achou desse conteúdo?