Padre Azarias Sobreira foi e é figura importante em Juazeiro do Norte. Com seus escritos e memórias, é possível reconstruir e contar a história da cidade e os rumos da Igreja Católica no Ceará desde os fins do século XIX. E é isso que a exposição Padre Azarias Sobreira: o padrinho de meu padrinho quer mostrar. Foram seis meses de curadoria de Cristina Holanda, Geová Sobreira, Renato Casimiro e Renato Dantas para compor a mostra, que conta com expografia do artista plástico Barrinha. O acervo ficará exposto na Fundação Memorial Padre Cícero até fevereiro de 2018 e é aberto ao público.
Azarias Sobreira têm com Padre Cícero uma ligação íntima desde o nascimento: ele é seu afilhado de batismo. Do ensino e da admiração, Azarias também se tornou sacerdote. Durante sua vida, “apadrinhou” o padrinho por missão, defendendo-o em seus escritos em livros e nos jornais. Era uma época em que Cícero Romão era excomungado da Igreja Católica e um tabu para a sociedade, que desacreditava seus milagres. O processo de reabilitação do romeiro, que se concretizou apenas em 2015, tem raízes em Padre Azarias.
“Não dá para estudar Padre Cícero sem falar do Padre Azarias”, diz a presidente da Fundação Memorial Padre Cícero e historiadora, Cristina Holanda, uma das curadoras. “Contar a história de Padre Azarias é contar a história da Igreja no Ceará”, completa. A exposição acontece para celebrar o centenário de ordenação clérigo. Outras atividades, como mesas e rodas de conversa, foram realizadas entre os dias quatro e seis de outubro também em homenagem ao aniversário.
Dentre os itens expostos, mais de 300 foram doados pela família Sobreira. Ângela Sobreira, juíza e sobrinha-neta do padre conta que, entre as doações, encontram-se cartas de seu tio-avô, a máquina de escrever dele e mesmo o copo que ele usava. “Para a família, essa exposição não é apenas um motivo de profundo orgulho, mas de satisfação, de ver que esses objetos não vão se perder no tempo e que vão poder ser apreciados por muitas e muitas pessoas que virão”, compartilha.
O Grupo de Comunicação O POVO também deu sua contribuição por meio de seu Banco de Dados. 67 textos escritos por Azarias Sobreira e publicados no O POVO durante o período de 1964 a 1966 na coluna Enigmas de ontem e de hoje fazem parte da composição. Segundo o gerente do Banco de Dados do O POVO, Sérgio Falcão, o serviço exerce papel importante na preservação da história. “A memória passa pelos fatos e acontecimentos que são descritos nas páginas do O POVO”. O setor é disponível apenas para consulta do Grupo de Comunicação O POVO, mas se encontra aberto a discutir parcerias com outras instituições.
Depois de Juazeiro, há previsão de que a exposição chegue a outras cidades no Ceará pelas quais o clérigo já passou. O Museu Jaguaribano, em Aracati; o Museu do Ceará, em Fortaleza; e o Museu Sacro São José do Ribamar, em Aquiraz, são alguns dos que já demonstraram interesse na mostra.