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Exposição percorre trajetória de Miguel Rio Branco
Vida & Arte

Exposição percorre trajetória de Miguel Rio Branco

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Isaac de Oliveira

ESPECIAL PARA O POVO

isaac@opovodigital.com 

 

A multiplicidade sinestésica de Miguel Rio Branco ocupa todos os espaços do Oi Futuro, no Flamengo, numa exposição individual que percorre a trajetória de um dos principais nomes das artes audiovisuais em atividade no País. Aos 70 anos, o fotógrafo, pintor e cineasta se viu, pela primeira vez, diante da censura: a videoinstalação “Sob as estrelas, as cinzas”, que integra a exposição no Rio de Janeiro, foi proibida pelo governo da China de compor a Trienal de Guangdong, que acontece em dezembro.


Idealizado em 1992 para a mostra Arte Amazonas, no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), e já apresentado em diversos espaços, o curta é uma sobreposição de fotos do céu estrelado do Atacama (da fotógrafa sérvia Isidora Gajic), de rituais indígenas (de Miguel Rio Branco) e de cabeças decepadas e corpos mutilados (do fotógrafo Ney Cunha, do extinto jornal O Povo na Rua). Segundo Rio Branco, não houve explicação para a proibição, mas ele arrisca o caráter violento da obra, apesar de “não exibicionista”.


“Uma ditadura não precisa explicar nada. É um trabalho muito forte sobre a violência nata do homem. Ela pode se desenvolver numa forma mais guerreira, com índios protegendo seu terreno, e pode ser sobre a proteção do terreno do traficante de drogas, com toda a perversidade que isso envolve. E é totalmente atual”, explica.


Filho de diplomata, bisneto do barão do Rio Branco e tataraneto do visconde do Rio Branco, Miguel se diz mais incomodado com o atual contexto político brasileiro do que a censura chinesa: “O País só vai num estágio de piora: falta de justiça, Judiciário inoperante, política corrompida. Vivemos numa democracia de bandidos”.


As galerias do centro cultural também abrigam outros trabalhos consagrados do espanhol radicado no Brasil, como as instalações imersivas “Diálogos com Amaú” (1983), que retrata o pequeno Amaú - índio caiapó surdo e mudo da aldeia Gorotire (no sul do Pará), e “Wishful Thinking” (2015), obra que transporta o visitante a um cenário pós-apocalíptico, onde natureza e caos se misturam.

 

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