Há dez anos morria uma das figuras fundamentais para a cultura nordestina: Inês Caetano de Oliveira, mais conhecida como Marinês. Em uma época em que o forró e o xaxado eram predominantemente masculinos, a pernambucana surgia, pioneira, para deixar um legado que serviu de inspiração para muitos dos artistas que viriam depois. Ela, que recebeu a alcunha de “rainha do forró”, gravou mais de 30 discos em sua carreira, muitos deles em parceria com o sanfoneiro Abdias, seu marido. Dessa relação, além de muitas canções, nasceu o músico Marcos Farias, que apresenta amanhã, 12, no Cineteatro São Luiz, com a cantora Sabrina Vaz, um espetáculo em homenagem
a Marinês.
O músico e produtor cultural conta que desde os cinco anos viajava com os pais, ajudando a enfeitar os palcos e tocando com eles. “A gente encarou um Brasil que não tinha nem estrada asfaltada, levando música para onde o povo estava. E eu construí minha carreira em cima disso, tanto que minha formação é também como produtor”, diz Marcos, que já produziu artistas como Zé Ramalho e
Sandra de Sá.
O artista também relata que o trabalho de tantos anos ao lado da mãe o fez perceber o respeito constante que ela inspirava em todos ao redor, mesmo em um meio prioritariamente masculino. “O forró ainda é muito masculino, mas imagina na década de 1950. Era muito pior. Ela era conhecida por sua personalidade forte, não dava trela para nenhum homem chegar e tirar graça”, diz. Apesar de ser uma figura de força no meio musical, em casa a artista gostava de ser apenas a Dona Inês. “Ela adorava ser dona de casa acima de tudo, não abria mão de lavar, passar, cozinhava bem”.
Legado
Para Marcos, o legado de Marinês está não apenas em artistas com os quais trabalhou, como Elba Ramalho, mas também nas novas gerações. “Eu estive recentemente em um festival de novos talentos da música regional, e estive perto de vários artista novos, trios, gente que já tocou na Europa, mas todos com uma admiração por ela justamente pelo caráter, pela voz forte. Todos bebem da fonte Marinês, cantam seu repertório, inclusive seu lado B”, diz Marcos.A cantora Sabrina Vaz também é uma das artistas que bebem dessa fonte. A intenção é levar adiante o legado de Marinês. Sabrina, que era biomédica de formação, abandonou a carreira para se dedicar ao forró pé de serra. Em 2015, quando ela e Marcos iniciaram um relacionamento, encabeçaram um projeto para que ela pudesse dar continuidade ao legado da sogra. A cantora aprendeu um repertório com cerca de 90 músicas e também a tocar triangulo, instrumento icônico para a Rainha do Forró. “A Sabrina é uma sucessora natural. Sabe a história do sapatinho de cristal? A gente tem a do chapéu de couro, que era da minha mãe e passou para a Sabrina. Serviu perfeitamente nela”, conta Marcos
No show, os músicos tocam os maiores sucessos da carreira da artista. Há ainda a participação especial de Marcos Lessa e Armando Teles. “É um show muito visceral, muito mais coração. São os primeiros passos de um projeto maior. Falamos um pouco, tentamos trazer a história de Marinês, mostramos imagens da época e apresentamos um pouco do seu vasto repertório, avançando de acordo com o público”, completa.
SERVIÇO
Show 10 anos sem Marinês
Onde: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 - Centro).
Quanto: R$ 20,00 (inteira)Outras informações: (85) 3252-4138