[FOTO1]
A realidade histórica mostrou por muitas décadas um negro com cotidiano dividido entre o sonho e a sobrevivência, sem o privilégio de ter ambições. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 54% da população brasileira é negra e, entre 2012 e 2016, o número de brasileiros que se autodeclaram pretos aumentou 14,9%.
Mesmo representando mais da metade de nossa população, a desigualdade estrutural e cultural a que o negro está submetido ainda existe, sobretudo para a parcela da população que reside às margens dos centros urbanos. A fim de compor outra realidade, coletivos de criação artística estão dando novo fôlego para a juventude negra, com uma mistura de moda, militância, economia criativa e autoestima. Nesse panorama, a internet tem sido a principal ferramenta de circulação de ideias, troca de experiências e divulgação dos trabalhos.[SAIBAMAIS]
Há um ano e três meses, o Coletivo Natora ( @coletivonatora) propõe outra narrativa para jovens e crianças das comunidades do Pirambu e Carlito Pamplona. Liderado pelo Produtor Cultural, Alécio Fernandes, o D’leste, de 23 anos, o grupo surgiu da ideia de revitalizar a Praça da Castanhola, principal ponto de encontro dos jovens do bairro. Hoje, o Natora possui programação fixa de atividades e ações como o Cine Natora, com exibições gratuitas de filmes segundo a demanda da comunidade; a Leste Limpa, ação de limpeza na praia da Leste; o Selitera Pivete, com oficinas de teatro, poesia e criação voltadas para crianças; e o mais popular, o sarau Natorarte, que convida jovens de outros bairros são para apresentações de teatro, música e dança. Todas as ações articuladas pelo coletivo são pautadas no debate sobre machismo, racismo, homofobia, educação ambiental, economia criativa e representatividade.
O coletivo quer mostrar que existem mentes criativas na favela: “A periferia já é estigmatizada nos programas policiais, sempre com violência e morte. A gente veio mostrar que temos potência. Existem pessoas que têm um perfil artístico, um projeto de vida bacana, de mudar o que está posto. São músicos, dançarinos, poetas e articuladores comunitários. E nós chegamos para potencializar isso, pra dizer pra todo mundo que na periferia tem muita coisa massa. Infelizmente, não temos o apoio que merecemos. É a periferia pela periferia, uma juventude que faz acontecer. Nós produzimos vida.”, expõe Alécio.
Outro coletivo que trabalha a negritude e a valorização e da identidade afro-brasileira é a Rede Kilofé (@redekilofe). Surgido em 2013, o coletivo foi criado a partir de discussões no Fórum da Economia de Negros e Negras do Ceará.
A palavra Kilofé tem origem africana e quer dizer, “o que você deseja?”, expressando o desejo da ação em grupo. Em seu núcleo principal, a rede é composta por cerca de 25 empreendedores negros das mais diversas áreas de atuação.
A ideia é trabalhar a autoestima do negro cearense para que ele possa ter convicção que pode viver a partir do seu próprio negócio. “Dentro da rede, nós fazemos cursos de formação e qualificamos os empreendedores. Tem gente que tem talentos fantásticos, mas fica na dependência de ser empregado do outro. Resquícios do período da escravidão. A gente traz esse entendimento de que precisamos nos fortalecer”, declara Patrícia Bittencourt, empreendedora da marca @pretabitten na Rede Kilofé.
A convite do Jornal O POVO, as lojas @pretabitten e @lojanatora uniram-se para um editorial de moda com jovens da comunidade do Pirambu.
LABORATÓRIO FANTASMA
NASCIDO DO HIP HOP
Criada em 2009, a Laboratório Fantasma começou vendendo camisetas de mão em mão em portas de shows de rap e hip hop. Hoje possui uma loja virtual(laboratoriofantasma.com) de onde vem grande parte do seu faturamento.COOLHUNTER FAVELA
RESGATE DE VIVÊNCIAS
O editorial do Coolhunter Favela feito em parceira com a Rider celebrou os 30 anos da marca. O coletivo quer resgatar memórias, vivências e comportamento de tudo que é criado nas favelas da Zona Oeste do Rio de Janeiro.