Ator, cantor, compositor e artista plástico. Aos 37 anos, Sergio Guizé interpreta um dos papéis mais complexos da televisão na atualidade. Na pele de Gael, em O Outro Lado do Paraíso, novela das 21 horas assinada por Walcyr Carrasco, ele encara o desafio de viver, pela primeira vez, um vilão, e de ter seu personagem aceito pelo público noveleiro.
“O Gael é um personagem incrível, estou encantado por ele, é muito difícil de fazer, é um cara rico, de uma família que tem muito poder em Palmas (TO), que não se sabe como eles conseguiram esse poder, essas terras, nem tudo é legal. E ele acabou sendo vítima dessa cultura da impunidade, da criação para ser o homem da família. Mas tem umas fraquezas. E, a partir do momento que ele conhece o amor pela Clara, ele muda a trajetória dele, vai fazer de tudo para viver esse amor, essa história. É um personagem muito interessante, muito bonito”, defende o ator.
[QUOTE1]A trama, sob direção de Pedro Peregrino e direção artística de Mauro Mendonça Filho, com pouco mais de um mês de exibição, debateu a agressão física e psicológica contra a mulher, ao mostrar cenas em que Gael, um marido possessivo e ciumento, agride a esposa, Clara (Bianca Bin), que acaba denunciando suas agressões.
Rico e mimado, o personagem interpretado por Guizé tornou-se centro de polêmicas e discussões. O homem duro e preconceituoso que estupra sua própria esposa na lua de mel, e as cenas fortes trouxeram à tona a realidade de muitas mulheres.
“O que ele fez é crime”, diz Sergio sobre as agressões e o estupro que seu personagem cometeu. “Gael tem que pagar pelos erros. Tem que ir para a cadeia e cumprir pena. Acredito muito na redenção do personagem, mas primeiro tem de pagar pelo que fez. Tem de pagar pelo crime, passar por isso para poder voltar a viver em sociedade do jeito que todo mundo vive”, diz Guizé.
Sem poupar palavras no que refere ao tema da violência contra mulher em O Outro Lado do Paraíso, Sergio enxerga a necessidade de mudança na igualdade. “Eu acho que esse assunto vem pairando o inconsciente coletivo da sociedade há muito tempo, mas continua sendo tratado quase como um tabu. A discussão na trama vai além das agressões sofridas pela protagonista. A mulher precisa dos seus diretos urgentemente, porque a gente é muito atrasado em relação a isso. Está na hora da igualdade, em todos os sentidos”, reflete.