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Crônicas de picadeiro
Vida & Arte

Crônicas de picadeiro

Nossa repórter visita o Circo Porto Rico, em curta temporada no RioMar Kennedy, em dia de espetáculo e revela os bastidores e personagens de uma arte que sobrevive ao tempo
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Com sessão marcada para as 20h30min, a noite de quarta-feira, 21, teve um caráter mais contemplativo do que, de fato, jornalístico-investigativo para esta repórter que vos escreve. A pauta: acompanhar os bastidores de um circo — no caso, o Porto Rico (instalado no shopping RioMar Kennedy). Com os olhos aguçados e abertos ao novo, fiquei a olhar toda aquela movimentação que transforma uma simples lona de circo — nas cores amarela e azul— num mundo encantado de magia e alegria, sobretudo para as crianças.

 

A preparação do espetáculo tem início bem antes, por volta das 19 horas. Do lado de fora do picadeiro, uma pequena área oferece aquele conhecido repertório de guloseimas (algodão-doce, batata-frita, sorvete, espetinho, crepes) que, à medida que vão sendo preparadas, saem direto para as respectivas barraquinhas. O público chega aos pouquinhos: as meninas ainda conservam a moda dos gigoletes de unicórnio; os meninos optam por camisas dos super-heróis favoritos.

[SAIBAMAIS] 

Enquanto o pessoal da técnica realiza os últimos testes com as luzes e o som, um entra-e-sai já começa a ser notado nos trailers/casas dos artistas. Wagner Porto, 35, é uma espécie de faz-tudo no circo de sua família: vende churros, coordena a trupe e, no palco, destaca-se em diversos números: Homem-Pássaro (que abre o espetáculo), Homem-Aranha, cama elástica, trapézio e o aguardado Globo da Morte. Sua mulher, Daniele, também possui número próprio: tecido acrobático.

 

Quem também integra a trupe é Flora, nascida em Cururupu, região da Baixada maranhense. No mundo do circo, chegou aos 18 anos de idade. Hoje, com 26, casada e mãe de uma menininha serelepe de seis anos, é a responsável pelo balé aéreo. Enquanto a hora de seu show não chega, vende espetinhos. “Já trabalhei em outros circos lá no Maranhão. Quando comecei, ajudava a dona nas vendas, mas o primeiro número que eu aprendi foi o das argolas. Depois foi a corda indiana e estou até hoje”, explicou ela, há cerca de cinco anos no Porto Rico.

 

Por trás das barraquinhas, três trailers chamam a atenção no espaço. O da frente é a “casa” de Wagner; na porta, noto sua mulher colocando para dormir o filho mais novo do casal, ainda bebê. Logo ao lado está a casa dos pais, os grandes responsáveis pelo circo — Dona Aline e Seu Rogério Porto — e a do irmão, Paulo, que não se encontrava no momento em decorrência de uma viagem. Sua filha mais velha, porém, era só sorrisos como uma das atrações da cama elástica.

 

A música e os estrobos anunciam o início do espetáculo. O apresentador cumprimenta a plateia. A primeira atração, o Homem-Pássaro, conquista logo de cara. Gritinhos e aplausos aumentam nessa hora. Na sequência, o palhaço Palito interage com todos: “Bora, galera, bate palma alto pra galera que tá lá fora pensar que aqui tá lotado!”. A risadaria é geral. As piadas, em sua maioria, focam o cotidiano do fortalezense. Seguindo na mesma linha, a dupla Los Muchachos — também de palhaços — apresenta um número de dublagem que também dá certo.

 

Ao todo, o Circo Porto Rico funciona com cerca de 40 pessoas, sendo 15 os responsáveis pelas apresentações (entre crianças e adultos). O show, com duração de 1h45min — com direito a pequenos intervalos para a troca de roupa e instalação/retiro das redes de proteção (no caso do trapézio) — abre os holofotes para o que há de mais tradicional num circo. Nada de pompas, brilhos ou mesmo efeitos especiais. A ‘menina dos olhos’ é, de fato, a história de paixão que há por trás da família cuja trajetória tem início em Porto Alegre.

 

“Já trabalhamos também em outros circos. Foi quando estávamos no Kroner que resolvemos construir o nosso. Não conseguiria viver de outra coisa, minha paixão é essa aqui”, resume Wagner.

 



Circo Porto Rico
Quando:
até 28 de fevereiro. De terça a sexta-feira, às 20h30; sábados, domingos e feriados, às 18h e 20h30
Onde: estacionamento externo do shopping RioMar Kennedy (av. Sargento Hermínio Sampaio, 3100 – Presidente Kennedy)
Quanto: cadeira lateral - R$ 10 (criança) e R$ 20 (adulto) / cadeira central - R$ 15 (criança) e R$ 30 (adulto). Crianças até dois anos e 11 meses não pagam.
Info: (88) 9 9769 2232

 

 

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