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Aniquilação, filme da Netflix, apresenta frieza científica
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Aniquilação, filme da Netflix, apresenta frieza científica

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Aniquilação chega à Netflix bem “embasado”. Dirigido e escrito por Alex Garland, que em 2014 lançou a ficção científica de sucesso Ex Machina, o filme é baseado no romance homônimo do premiado autor norte-americano Jeff VanderMeer e ainda tem elenco capitaneado por Natalie Portman. Produzido para os cinemas, o longa acabou sendo comprado pela Netflix após executivos da Paramount, estúdio responsável pelo financiamento, temerem pelo êxito comercial da obra. A justificativa pública é que Aniquilação seria “complicado e intelectual demais”. No final das contas, o longa estreou nos cinemas norte-americanos no final de fevereiro angariando boas críticas e, no último dia 12, entrou na Netflix em diversos países.


A obra segue Lena (Natalie Portman), uma bióloga cujo marido (Oscar Isaac), um soldado, desapareceu há um ano em uma missão secreta do governo dos EUA. Depois de todo esse tempo sem notícias do companheiro, ela acaba se envolvendo na mesma expedição na qual ele sumiu. O mistério se desenrola em um local afastado que é permeado por um estranho brilho e de onde quem vai não volta. Estruturalmente concretizado como um longo flashback entremeado com trechos do “presente”, o filme conta ainda com outras personagens femininas que se juntam à Lena na missão, com destaque para as personagens de Jennifer Jason Leigh e Tessa Thompson.

[SAIBAMAIS]

Mesmo que baseado em um clima de mistério, Aniquilação cria em si uma aura que, por vezes, não se justifica plenamente. É quase como se a trama fosse tão suspensa que não estimulasse o envolvimento do espectador, inclusive evitando fornecer respostas acessíveis. Registra-se, no entanto, que não responder não é o problema, mas sim fazê-lo de modo vaidoso: o filme mostra que guarda consigo a “chave” do mistério, mas não a fornece, criando uma importância desmedida. Não é surpreendente que o livro no qual Aniquilação se baseou tenha originado uma trilogia e que o final do longa acene sem sutilezas para a possibilidade de desdobramentos.


A pecha de “intelectual demais” também é questionável, já que o filme justamente parece ser mais cheio de si do que cheio com conteúdo de fato. A possível justificativa para essa descrição deve residir nos 20 minutos finais do longa. São neles que a obra deixa a pose sisuda de lado e se abre, pelo menos, para alguma experimentação: é uma sequência sem falas, bem visual e que já foi comparada nas redes sociais a clipes da cantora islandesa Björk, conhecida pelas viagens visuais e sonoras. Não deixa de ser interessante ver um longa (originalmente) de estúdio se permitir a essa abertura, mas é, ao mesmo tempo, decepcionante ter tão pouco acesso ao que ele poderia ter sido e não foi.

 

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