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Cinebiografia resgata história da rapper Roxanne Shante
Vida & Arte

Cinebiografia resgata história da rapper Roxanne Shante

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Para o público brasileiro, Roxanne Shante pode não ser um nome muito conhecido. Nos Estados Unidos, no entanto, a rapper teve grande sucesso entre as décadas de 1980 e 1990 com músicas que estouraram nas rádios. Depois de um período longe dos holofotes, sua vida inspirou a cinebiografia Roxanne Roxanne, lançada no Festival de Sundance em 2017 e disponível na Netflix desde o fim da semana passada. Para os norte-americanos, o longa é uma chance de conhecer a história por trás da figura pública. Já para os brasileiros, é uma chance de conhecer a própria Roxanne.


A história de vida da rapper tinha tudo para ser representada de modo denso, numa chave de exploração de misérias: ela começou ainda na infância a participar de batalhas de rap, encontrou a fama na adolescência, teve problemas na escola, foi abandonada pelo pai, deixou a mãe e as irmãs e foi morar sozinha antes da maioridade, e sofreu com um casamento abusivo que a deixou longe dos palcos e da família.

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O filme no entanto, consegue trabalhar numa chave mais positiva, de esperança. Por exemplo, mesmo que o roteiro não se aprofunde muito em questões de gênero, o exemplo de Roxanne, uma mulher rapper em meio a um contexto marcadamente masculino, inspira.


Ainda assim, a obra também não se deixa deslumbrar pelos momentos de sucesso e reconhecimento de Roxanne. A abordagem se aproxima do naturalismo, é possível comparar. Essa escolha por evitar floreios da vida da artista resulta em uma cinebiografia sóbria, honesta. Ao menos para o público leigo, Roxanne Roxanne aparenta oferecer um bom panorama de sua personagem central, sem se furtar em mostrar momentos mais delicados de sua trajetória — ainda que a própria biografada esteja envolvida na produção executiva da obra e isso possa apontar para possíveis atenuações da história.


Outro destaque positivo do longa é a construção da personagem de uma forma que envolve o espectador. Muito disso, é verdade, vem na conta da atriz estreante Chanté Adams, que interpreta Roxanne na fase da adolescência e do começo da vida adulta. O papel valeu a ela um prêmio especial do júri em Sundance. A protagonista pode ter momentos intempestivos e até de soberba e deslumbramento com a fama, mas demonstra constante preocupação com as irmãs pequenas e mesmo com a mãe, cuja relação problemática nunca deixa de ser repleta de cuidado e carinho. Roxanne Roxanne pode não ser um filme totalmente inovador, profundo ou memorável, mas cumpre com louvor a função de contar bem uma história envolvente e interessante de ser vista.


 

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