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Turismo. Cabo Verde é um arquipélago peculiar entre continentes
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Turismo. Cabo Verde é um arquipélago peculiar entre continentes

Quase como uma ponte aérea, voos a partir de Fortaleza aproximam os dois países e revelam cenários de beleza natural preservada, que inclui até um vulcão, gastronomia e música
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Quem mostra’ bo esse caminho longe?

Esse caminho pra São Tomé

Sodade sodade

Sodade dessa minha terra, São Nicolau

Trecho da letra de Sodade, de Cesária Évora

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O vídeo promocional na internet dá a deixa: ‘Cabo Verde, um país, dez destinos!’ As dez ilhas de Cabo Verde formam um arquipélago entre continentes que instigam o desejo de conhecê-lo. Entre as afinidades que o aproximam do Brasil estão a língua portuguesa, origens afrodescendentes, influência musical e, até, a escassez de água.


Santiago, São Vicente, Santo Antão, Fogo, Sal, Boa Vista, Maio, São Nicolau, Brava e Santa Luzia são os dez destinos de contrastes. Esta última é reserva natural, sendo a única não habitada pelo homem.


Nossa viagem foi um misto de trabalho – acompanhei minha mulher, Ana Márcia Diógenes, que é consultora – e também de lazer. O primeiro destino foi ligado ao trabalho: Praia, capital do país, na Ilha de Santiago, a maior de todas, com 75 km de extensão.


De Fortaleza para lá são 3h40min em voo direto, pela Companhia Cabo Verde Airlines (TACV). Mesmo tempo se voasse para São Paulo. Esta é uma das rotas possíveis. O país é caminho para a Europa e ainda em 2018 novos voos para aquele continente serão lançados com conexão também na Ilha do Sal. O turismo representa mais de 20% do PIB de Cabo Verde.


Para organizar o período de lazer contamos com a agência de viagens Novatur (www.novatur.cv/). Escolhemos um roteiro de cinco dias e optamos por não incluir turismo de sol e praia. Como já estávamos na Ilha de Santiago, a ideia era visitar pelo menos três ilhas e seus contrastes: São Vicente, Santo Antão e Fogo. Os voos internos acontecem pela companhia Binter, que é uma opção prática. Santo Antão só é acessível por ferryboat.


Na cidade da Praia, e em todas as ilhas, a musicalidade da língua crioulo é a mais ouvida. Em um final de semana conhecemos a praia de Quebra Canela, o Farol de Maria Pia, o mercado de Sucupira, e subimos ao Plateau, centro histórico da capital, com destaque para o Quintal da Música, espaço de referência na cultura local.


Ainda na Ilha de Santiago, valeu se aventurar pela história, indo à Cidade Velha, andar pela Rua da Banana, a mais antiga do país, um banho de mar na vila do Tarrafal, comer Cachupa Rica (milho, feijão, carnes e toucinho) e conhecer a triste realidade do campo de concentração, criado pelos portugueses em 1936.


Em cada ilha que visitamos, vimos recortes do país...

 

Santo Antão

Aqui só se chega de ferryboat, via Mindelo. Uma hora de viagem é o tempo para chegar à ilha, que tem três municípios: Porto Novo, Ribeira Grande e Paul. Conhecida como ilha das montanhas, Santo Antão é rica em mirantes, trilhas e caminhos. No inverno, o microclima garante temperaturas amenas. A formação de vales como o Paul é indicada como destino do turismo de natureza e rural, pela diversidade paisagística. Além do valor cultural da aguardente ‘grogue’ e sua importância para a promoção do turismo.


São Vicente

Na chegada ao Mindelo, uma bela homenagem. O aeroporto tem o nome de Cesária Évora, o ícone da música morna cabo-verdiana. No centro da cidade, destaque para a conservação de prédios com traços da herança colonial.

Do calçadão da baía da Laginha, a cidade se espraia. As noites são animadas também com sotaque da música brasileira. Subimos o Monte Verde, com 800 metros de altitude. Vista inesquecível, num trajeto pedregoso. Outra atração: Baía das Gatas – referência à espécie de tubarão -, localidade que recebe um festival de música internacional.


Fogo

Da janela do avião, a imponência do vulcão, ponto mais alto de Cabo Verde, com 2.829 metros. É, sem dúvida, a maior atração turística da Ilha do Fogo. Ativo, sua última erupção foi em 2014. As larvas soterraram Chã das Caldeiras, localidade no sopé do vulcão, onde há produção de vinho de excelente qualidade. Na cidade de São Filipe, chama atenção a musicalidade do crioulo, quase cantado, e as praias de areia negra. Em Mosteiros, norte da ilha, a negritude vulcânica da paisagem contrasta com terrenos de solos férteis com plantações de vinhas e do saboroso café do Fogo.

MIGUEL MACEDO

JORNALISTA, PROFESSOR E CONSULTOR

miguelmacedo83@gmail.com

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