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Aggretsuko. Angústias de uma panda millennial
Vida & Arte

Aggretsuko. Angústias de uma panda millennial

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A vida não é fácil para Retsuko, uma simpática panda-vermelho. Aos 25 anos, contadora, com poucos amigos e um trabalho infeliz, a jovem desconta todas as frustrações cotidianas da única forma que consegue: cantando, no estilo death metal, sobre tudo que a aflige. Esse é o mote de Aggretsuko, anime lançado no fim de abril pela Netflix e que critica, com bom humor, a pressão da vida de escritório no Japão.


O título do seriado faz um jogo de palavras com o nome da protagonista e a palavra “agressiva” em inglês. Se comportando sempre de acordo com as regras da empresa no dia a dia, Retsuko explode quando tem a oportunidade, seja no banheiro da firma, ou no karaokê nos arredores do trabalho. Com letras que mudam em todos os episódios, as cenas musicais são o ponto alto de cada capítulo, além trocarem por completo a aparência da panda-vermelho, que sai de um ser fofo para algo aterrorizante em questão de segundos.


No ambiente de trabalho, Retsuko é atormentada pelo chefe misógino, colegas de trabalho que se aproveitam da boa vontade da panda-vermelho e pelo cotidiano desinteressante. Na curta primeira temporada, a personagem passa por momentos de desesperança, ao passo que busca por alternativas para sair daquele contexto, tal qual diversos jovens no mundo inteiro. Nessa perspectiva, Aggretsuko é um anime que dialoga com audiências internacionais, sendo uma obra acessível, em especial, pela questão do humor.


Alguns episódios pecam por não desenvolverem bem a história, mas a agilidade da narrativa não deixa a produção se tornar enfadonha. Todos os personagens do anime são animais antropomorfizados, mas nem por isso as críticas sociais perdem força. Os colegas de trabalho de Retsuko funcionam como símbolos de funcionários que podem ser encontrados em qualquer empresa. Desde os famosos puxa-sacos, até quem alcançou uma posição de prestígio. Duas funcionárias mais experientes da empresa de Retsuko, Washimi e Gori, auxiliam a protagonista a encontrar um sentido para uma rotina tão desgastante, com dicas para que ela não caia em armadilhas fáceis.


Por durarem apenas 15 minutos, os 10 episódios podem ser vistos em poucas horas. Na dublagem original japonesa, a fala de Retsuko é interpretada pela atriz Kaolip. Porém, nos momentos de death metal, quem assume é o criador do anime, Rarecho. O artista também foi responsável pela versão original da personagem, que entre 2016 e 2018 protagonizou cerca de 100 episódios de um minuto cada.


Uma das surpresas de 2018, Aggretsuko é um entretenimento rápido, mas competente realizado pelo serviço de streaming. Ainda não existem informações sobre uma eventual segunda temporada, mas o final do primeiro ano deixa claro que ainda existem muitas histórias para serem contadas nas noitadas de karaoke e death metal de Retsuko.

Hamlet Oliveira

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