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"God Of War" redefine mecânica e a imagem do deus da guerra
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"God Of War" redefine mecânica e a imagem do deus da guerra

| GOD OF WAR | Repaginado e melhorado, novo videogame exclusivo para Playstation 4 atualiza mecânicas e redefine a imagem do deus da guerra dos consoles
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O desafio de modificar a “fórmula mágica” que definiu o sucesso dos games de uma franquia, mas que perdeu força nos últimos tempos, pode ser dantesco. Porém, quando bem feito, tal esforço é capaz de redefinir um gênero e até ressuscitar a imagem de um personagem que muitos consideravam já obsoleto. O último exemplo desse tipo de conquista vem do estúdio de desenvolvimento Sony Santa Monica e que atende pelo nome de God of War.


Após cinco anos e um processo de desenvolvimento conturbado, God of War surpreende, exibindo uma aventura espetacular, pautada na mitologia nórdica, repleta de visuais fantásticos e de uma jogabilidade precisa, balizados por um enredo emocional e íntimo, focado na relação entre um pai amargo e reticente e uma criança ansiosa para descobrir seu lugar no mundo.


Aos não iniciados na franquia, ela conta a jornada do herói Kratos, um general espartano que fez um trato com o deus da guerra, Ares, e que por ele foi traído, motivando no guerreiro uma brutal sede de vingança que culminou na morte de todos os deuses do Olimpo, retratada no penúltimo jogo da série, God of War 3.


Apesar de não possuir o número 4 no título, God of War dá continuidade à saga e traz novamente Kratos como protagonista. Sua trama começa longe da Grécia Antiga, com o funeral da mulher do personagem e mãe de Atreus, uma criança que se junta ao pai em uma jornada fúnebre a caminho da montanha mais alta em todo o reino.


O estúdio Sony Santa Monica fez um excelente trabalho ao imbuir Kratos de uma profundidade dramática que o mesmo não tinha nos títulos anteriores. O herói fala pouco, muito menos que seu filho -que narra grande parte da história -, mas diz muito com sua reclusa, seu mau humor e seus inevitáveis momentos de fúria. A relação entre Kratos e Atreus é envolta de uma dureza e de uma maturidade vista raramente no meio gamer. Ao longo da história o relacionamento entre os dois passa por diversas provações e culmina em um final de partir o coração, mas ainda sim, brilhante.


Além da narrativa, outro pilar de sustentação da qualidade do God of War são seus gráficos. O nível de detalhes trazidos em cada elemento visual é gigante, especialmente na aparência e na animação dos personagens. A direção de arte também se destaca no esforço bem sucedido de criar um mundo fantástico, inspirado na mitologia nórdica e que enche os olhos pelo uso de cores fortes e vibrantes, mas não perde a essência da cultura escandinava antiga.


Por fim, o combate e a dinâmica de controle são particularmente incríveis. O arsenal de armas e golpes oferecido é vasto e complexo, exigindo perícia e raciocínio em lutas mais difíceis. No começo a jogabilidade pode confundir um pouco pela quantidade de botões que realizam ações, porém, logo se torna bastante satisfatória e divertida quando dominada. O controle do jogador é feito em terceira pessoa, em um ângulo de câmera super fechado, posicionado nas costas de Kratos. Tal posicionamento traz uma perspectiva visceral, especialmente durante as batalhas sanguinolentas e cinematográficas que o game traz.


Por mais incríveis que sejam as 35 horas de conteúdo que o jogo apresenta, elas não são isentas de percalços. Algumas animações durante lutas são bastante repetitivas e a trama, apesar de engajante, demanda inicialmente certo entendimento prévio dos títulos anteriores da franquia. Porém, esses defeitos se apequenam diante da magnitude da qualidade e do divertimento oferecidos em God of War. Esse não é apenas mais um videogame, mas sim, um marco para a indústria.

 

DAVI ROCHA

ESPECIAL PARA O POVO

vidaearte@opovo.com.br

 

 

(Davi Rocha é professor, publicitário e produtor de conteúdo do canal Bacontástico)



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