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HQ Cangaço Overdrive coloca o cangaço num futuro distópico
Vida & Arte

HQ Cangaço Overdrive coloca o cangaço num futuro distópico

| HQ | Escrita pelo cearense Zé Wellington, a obra Cangaço Overdrive conta a história de um futuro distópico no Nordeste brasileiro
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Em Cangaço Overdrive, o autor Zé Wellington apresenta uma aventura cyberpunk, com elementos tecnológicos que apontam um futurismo e uma sociedade lutando para sobreviver e melhorar a situação do planeta. Tal cenário lembra algumas obras clássicas da ficção distópica, como Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, escrita por Philip K. Dick. A diferença, no entanto, é que o quadrinho se passa no nosso Ceará, e não em Los Angeles. Uma novidade e tanto.


Zé Wellington participou do Edital de Incentivo às Artes do Governo do Estado do Ceará para concretizar essa mistura impensável e original de futurismo com cangaço. O roteiro da obra é assinado por Wellington, que também é responsável pelos quadrinhos Quem matou João Ninguém e Steampunks Ladies: Vingança a Vapor. O autor destaca em entrevista exclusiva ao O POVO que a ideia do quadrinho surgiu quando percebeu que queria falar sobre o cangaço e banditismo social, tendo a ficção científica como cenário.

[SAIBAMAIS]

“O momento histórico do cangaço sozinho já teria muito apelo, mas pensei que o cyberpunk seria uma pimenta interessante”, destaca. Ele ainda conta que conheceu o subgênero da ficção científica em produções japonesas como Akira e Ghost in The Shell, e filmes como Blade Runner e Minority Report. “Quando trabalhamos com quadrinhos se pensa na história, mas também se pensa muito visualmente. E essas produções são verdadeiros deleites visuais. Eu também adoraria entender como funciona. Por isso me inspirei nessas referências”, diz o autor.


Zé, que recebeu o troféu HQMIX na categoria Novo Talento Roteirista, em 2016, também aponta que o seu processo de produção consiste em estabelecer uma parceria com algum artista e depois ir nas anotações para ver o que tem de ideias guardadas. “Vejo o que tenho pensado para entender o que melhor combinaria com o estilo e as influências do desenhista”. Também pontua que oferece liberdade para que o artista seja um co-autor da história, dado que o mesmo passa a colaborar nas etapas iniciais. “Há mais chances do projeto ser concluído quando é interessante para todas as partes”, diz.


Segundo Zé, a obra tem garantido um resultado positivo. “Tínhamos dúvidas se as pessoas se interessariam pelo tema. Felizmente, a aceitação tem sido muito boa”. O autor, que começou a trabalhar com quadrinhos em 2004, comenta que isso é consequência da internet e das pequenas editoras disponíveis para publicar autores nacionais. “O eterno problema da distribuição é uma página virada. Faltam agora uma maior profissionalização do meio e, especialmente, mais leitores dispostos aos materiais nacionais”, finaliza o artista.


CANGAÇO OVERDRIVE, de Zé Wellington e Geovani Walter

Ed. Draco

72 páginas

Quanto: R$ 30

 

OUTROS QUADRINHOS SOBRE O CANGAÇO


LAMPIÃO: ERA O CAVALO DO TEMPO ATRÁS DA BESTA DA VIDA

Autor: Klévisson Viana

Ano: 1998


Uma novela gráfica que narra as últimas horas de Virgulino Ferreira e seu grupo de cangaceiros. Com direito a diagramação ousada, ricas cores e vários momentos de expressões nordestinas.


CAATINGA

Autor: Hermann

Ano: 1998


Reza a lenda que Herman se apaixonou pela história do cangaço por causa de um cartão postal comprado no Rio de Janeiro. A partir disso, sua história nasceu com muitas referências e estudos.


ESTÓRIAS GERAIS

Autor: Flavio Colin

Ano: 2007


Apesar de ter nascido no Rio de janeiro, Flavio Colin é o quadrinista que mais produziu histórias em quadrinhos sobre zonas rurais, sertão e cultura nordestina. Com roteiro de Wellington Srbek, Estórias Gerais traz seis belíssimos contos que giram em torno de Antônio Mortalma, um cangaceiro que teria feito um pacto com o próprio diabo.


BANDO DE DOIS

Autor: Danilo Beiruty

2011


Os dois últimos sobreviventes de um bando de cangaceiros tentam recuperar as cabeças dos companheiros mortos para que, enfim, possam descansar em paz. Apesar de ter um traço excelente, Bando de Dois peca bastante na interpretação da linguagem nordestina. Apesar disso, ainda merece destaque na sua estante.


MANDACARÚ VERMELHO

Autor: Rafael Dantas

Ano: 2013


Ex-tenente do exército é libertado por famoso cangaceiro e parte em busca de vingança contra o coronel que destruiu sua vida. Uma narrativa forte com cores vibrantes que, mesmo com o requinte de quadrinho europeu, é um orgulho 100% nordestino!


LAMPIÃO NA TERRA DOS SANTOS VALENTES

Autor: Marcos Guerra, Marcos Garcia e Carlos Alberto

Ano: 2016


Produzida no Rio Grande do Norte, essa HQ narra a frustrada invasão do bando de Lampião à cidade de Mossoró em 1927. Um formidável esforço em forma de HQ, com ângulos inusitados e muitas curiosidades sobre o ocorrido.


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