O jeans que você veste conta outras histórias além da sua. A peça mais democrática e ampla do vestuário continua protagonista de uma juventude contemporânea, assim como no período de sua propagação, graças à comunicação cultural da era hollywoodiana pós Segunda Guerra Mundial. O jeans mais famoso e conhecido do mundo, o 501, foi apresentado há 145 anos, uma criação visionária de Levi Strauss (1829-1902), que começou no denim na companhia de Jacob David, em 1872.

Encabeçada por Strauss, o fabricante de roupas duráveis para mineiros, que mais tarde aperfeiçoaria a calça que originou na 501, não se imaginava que esta seria a peça mais emblemática da marca, reforçando o estilo Levi’s e tornando-o mundialmente conhecido. “Há 145 anos foi concedida a patente dos rebites nas calças jeans da Levi’s e, portanto, 20 de maio passou a ser o dia do Blue Jeans”, lembrou o professor João Braga em seu perfil no Instagam.

Após 30 anos, desde sua chegada à Califórnia, em 1853, o industrial teuto-americano estava produzindo suas conhecidas calças de trabalho de brim azul com rebites de cobre, impulsionando não só sua própria empresa de têxteis, mas uma leva de fabricantes do denim no início do século XX, incluindo a H.D. Lee Company, das calças Lee.

Alguns fatos da história do cinema demarcam momentos importantes para a construção deste denim não apenas como um item do vestuário, mas como parte de um processo de transformação cultural ao longo dos anos. Há 65 anos, Marlon Brando (1924-2004) surgia na pele e calça jeans de Johnny Strabler em O Selvagem. Suas roupas, no filme, ajudaram a criar o modelo de traje masculino do fim do século XX. No ano seguinte, um fecho de zíper é introduzido no jeans de cintura clássica da Levi’s.

Em 1955, foi a vez de James Dean (1931-1955), de charme semelhante ao de Brando, ajudar a popularizar o brim em clássico do cinema: Juventude Transviada, vestindo jeans Lee 101 Riders, tingido para exibir um azul mais vibrante na tela! Passados dois anos, eis que Elvis Presley (1935-1977) domina a cena. Sua aparição em A Mulher que Eu Amo e em O Prisoneiro do Rock (nada mais icônico do que Elvis dançando neste filme, de jeans) ditou o brim azul da cabeça aos pés.

Seguindo uma linguagem jovem, para tempos futuros, o denim ia além. No mesmo ano de Elvis, no cinema, a precursora da calça jeans tal qual hoje, como conhecemos, lançava um anúncio dizendo “Blue bell wranglers”. Caminhando para a década de 60, como não recorrer à figura de Marilyn Monroe (1926-1962)? Ela fez história vestindo blue jeans no filme Os Desajustados (1961), escrito por Arthur Miller.

“O apelo explosivo dos blue jeans abrangeu um amplo público [...]. O jeans não apenas cobria a silhueta, mas também definia o usuário”, destaca-se do Tudo sobre Moda, para entender estilos. De Jean Seberg (1938-1979) de calça com bainha revirada aos encantos da jovem Brigitte Bardot, nas telas, prevendo ainda muitas transformações com a peça denim, com a chegada dos 70’s aos inquietos 2000’s, o “tudo azul” segue, assim, atravessando gerações e ganhando releituras permanentes pelos protagonistas da moda no mundo inteiro.