Durante os anos 1960, um turbilhão de tendências, sons e figurinos tomou conta do Brasil. Era também uma época de conflitos, crises políticas, movimentações sociais e avanços tecnológicos. No mundo, foi a década do primeiro homem no espaço, da explosão dos Beatles, dos estudos que deram origem à internet, do assassinato de Kennedy e do surgimento dos Panteras Negras. No Brasil, a ditadura militar limitava liberdades individuais, a juventude tomava as ruas em protestos, a TV ganhava popularidade com programas musicais de diferentes perfis.
Entre esses programas, tinha a MPB conservadora de Elis Regina no Fino da Bossa e um trio de jovens artistas que chocava alguns padrões ao falar de namoros e carrões. A porção feminina desse trio era representada pela mineira Wanderlea, que afrontava a sociedade careta com seus longos cabelos louros e suas minissaias. Um mergulho na história dessa cantora que foi criticada ao posar de pernas abertas numa motocicleta, costurada pelo furacão político e cultural dos anos 1960, é o que proporciona o espetáculo 60! Década de Arromba – Doc. Musical.
[QUOTE1]Em cartaz de hoje, 10, a domingo 13, no Theatro Via Sul, a peça dirigida por Frederico Reder conta com uma estrutura grande que inclui 20 cenários, 10 toneladas de material cênico, mais de 300 figurinos, 24 atores e 10 músicos para recriar fatos e trilhas musicais inesquecíveis. Entre os atores, a própria Wanderlea está ali para contar sua versão da história. “Nos últimos anos, estrearam grandes musicais, mas todos seguindo o mesmo modelo, pegando um artista e transformando numa história. O diretor, então, me pediu um novo formato e queria fazer algo com a Jovem Guarda. E ele queria trabalhar com a Wanderlea”, conta Marcos Nauer, responsável pela pesquisa e roteiro do espetáculo.
Marcos não sabia como seria esse “formato novo”, mas sabia o que não queria: não seria um trabalho biográfico. “Comecei a estudar a Jovem Guarda e mergulhei nessa história”, conta ele, citando fatos que marcaram o período narrado em 60! Década de Arromba, que ganhou o subtítulo Doc. Musical justamente para marcar esse modelo diferente. “Tudo que aconteceu está em cena”, adianta ele, que incluiu no roteiro fotos, depoimentos e vídeos marcantes para a época, como Marilyn Monroe e a série A Feiticeira.
[FOTO2]A parte musical, vai muito além da Jovem Guarda e lembra do samba, dos festivais e do sucesso da Motown. “Fui estudar as músicas que fizeram sucesso em cada ano e percebi como elas falam mais sobre o público que sobre os artistas. Nos top 10 de 1960, por exemplo, as quatro primeiras músicas falavam sobre a lua, porque foi quando o lado negro da lua foi fotografado pela primeira vez (um ano antes). Então, a gente mostra essa relação do fato histórico com as músicas”, explica Marcos.
60! Década de arromba
Quando: de hoje, 10, a sábado, 12, às 20h, e domingo, 13, às 19hOnde: Theatro Via Sul (Av. Washington Soares, 4335 )
Quanto: entre R$25 e R$150 (quinta e sexta); entre R$35 e R$ 180 (sábado e domingo)Telefone: 3099 1290