Já saíram inúmeras HQs de cangaço no Brasil. Se vacilar, talvez esse seja o tema mais manjado de todos. Eu, por exemplo, já tive até um personagem infantil baseado em Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Isso foi em meados de 1998. Seu nome era Ferreirinha e, ao invés de matar pessoas, meu garotinho de oito anos passava o dia
correndo atrás de pintinhos e lagartixas. Enfim, oitenta anos depois do fim do cangaço, Zé Wellington, cabra bom das bandas de Sobral, volta com tudo de uma forma inusitada. Cangaço Overdrive (com arte de Walter Geovani e roteiro do Zé) é a primeira novela gráfica onde uma história de cangaço não é temporal (não se passa na própria época do cangaço). Sacada genial, roteiro interessante. Personagens inusitados... Blade Runner, O Vingador do Futuro, Matrix, Frankstein Jr. (Hanna Barbera), Somewhere in Time (aquele disco do Iron Maiden)... Impossível não lembrar dessas coisas ao ler as mais de 70 páginas do livro. Uma obra que, embora a temática seja focada no cyberpunk, entrou pra história por explorar o mais rico tesouro da caatinga: a fúria e a luta do povo nordestino.
GUABIRAS