Cabo Verde encanta pela beleza natural das paisagens e mais ainda pelo povo de sorriso largo, brilho no olhar, andar ritmado, roupas coloridas e trato amável com as pessoas. É o país da morabeza, regionalismo cabo-verdiano que significa gentiliza, um misto de saudade e o sentimento de quem lá chega e não quer partir. Expressão quase como patrimônio imaterial e uma das formas de Cabo Verde alcançar o mundo.
O arquipélago do continente africano é destino certo de turistas europeus, que descobriram nas águas cristalinas de fina areia branca um lugar para se esquecer do tempo. Excursões desembarcam diariamente nas ilhas, principalmente em Sal, considerada a mais turística das dez que formam a região. Os visitantes vêm principalmente de Inglaterra, Alemanha, Holanda, França e Portugal.
Menos de quatro horas separam o Brasil de Cabo Verde, mas o destino ainda é pouco conhecido pelos brasileiros. A partir de Fortaleza, por exemplo, há três frequências semanais saindo para ilha do Sal, que vêm se consolidando como hub aéreo da companhia Cabo Verde Airlines.
[FOTO2]Pela ilha do Sal, entraram quase 50% dos mais de 700 mil turistas que visitaram o país em 2017, segundo o Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE-CV). Volume quase o dobro da população do arquipélago, estimada em 434 mil pessoas.
E é apostando no hub que a Cabo Verde Airlines lançou novas conexões entre Brasil e Europa desde fevereiro deste ano. Do Sal, o cearense pode seguir para Lisboa, Paris ou Milão. Para incentivar que o viajante conheça a região antes de partir para a Europa, a companhia oferece o programa de stopover (parada gratuita), que permite ficar até sete dias em Cabo Verde sem alterar o valor do bilhete aéreo.
Estar na Ilha do Sal é contar com uma vasta opção de resorts, a exemplo da rede Meliá e RIU, com pacotes do tipo “all inclusive” (tudo incluso), dispor de conforto, estrutura, diversão. Mas o país da “morabeza” convida para ir além. Sair dos resorts e conhecer a cidade permite experimentar um pouco da cultura cabo-verdiana e conferir de perto o brilho do olhar das pessoas.
A música é uma destas manifestações culturais bem presentes. Os ritmos da morna, coladeira, funaná, batuque, tabanka, narram costumes, histórias e crenças populares. Falam de alegria e tristeza, partida e regresso, além dos amores perdidos. Contam a história da colonização portuguesa e sobre como Cabo Verde foi importante rota para o comércio, mas uma região duramente marcada pelo tráfico de escravos, outrora.
Cantam saudade e a morabeza de muitos cabo-verdianos espalhados pelo mundo, que foram em busca de estudo (36%) e trabalho (21%) em outros países, principalmente em Portugal. Neste cenário, há mais cabo-verdianos fora do que dentro do país. Quase como uma 11º ilha.
Sentimentos esses tão complexos que ganharam o mundo na voz de Cesária Évora, ícone da música cabo-verdiana, considerada a “embaixadora da morna”. Cize, como era chamada em Mindelo, cidade da ilha de São Vicente onde ela nasceu, cantou Cabo Verde e foi inspiração para muitos artistas que continuam a versar sobre a vida nas ilhas.
Mayra Andrade, Tito Paris, Ildo Lobo, Lucibela, Elida Almeida, Assol Garcia, grupo Ferro Gaita, Djodje, Dynamo são desses artistas que seguem levando Cabo Verde para outros países e a propagar a morabeza além ilhas. Vale à pena ouvi-los!
*A repórter viajou a convite da Cabo Verde Airlines
CRISTINA FONTENELE
cristinafontenele@opovo.com.br
MAIS SOBRE CABO VERDE
Cabo Verde é formado pelas ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal, Boa Vista, Maio, Santiago, Fogo, Brava e Santa Luzia (única despovoada). A Capital é a cidade da Praia, na ilha de Santiago.
A moeda corrente é o Escudo de Cabo Verde (CVE). R$ 1 equivale a 26 CVE. 1€ equivale a 110 CVE. US$ 1 equivale a 91 CVE.
O deslocamento entre as ilhas é realizado pela companhia aérea Binter, levando 30 minutos, a preço médio de 100€.
Uma hospedagem em Sal pode sair por 800€ por pessoa em sistema “tudo incluso”.
Valor médio da passagem pode sair a US$ 305,40 (Fortaleza/Sal/Fortaleza pela Cabo Verde Airlines, incluindo taxas.
SAL NOS CONVIDA A...
Banhar-se nas águas de verde cristalino.
Aventurar-se nos passeios aquáticos e esportes, como surf, windsurf, kitesurf, vela, pesca desportiva e snorkelling.
Flutuar nas águas das densas salinas de Pedra de Lume, que estão situadas na caldeira de um vulcão inativo.
Contemplar a piscina natural da Buracona e a mirar o “Odjo Azul” que se forma com o reflexo da luz do sol na gruta de água cor azul intensa.
Ver as mulheres negociando peixes no Pontão da praia de Santa Maria.
Aprumar o olhar em busca do momento da miragem de água na terra desértica.
Gastar uns euros e apostar a sorte no Casino Royal.
Envolver-se nos ritmos cabo-verdianos, conhecer a “Quinta Louca” na danceteria Funaná, jantar no Hotel Morabeza na noite cabo-verdiana, saboreando música e comida de qualidade.
A apreciar a culinária local, como o café e o vinho da ilha do Fogo, o grogue (cachaça do bagaço da cana de açúcar) e a deliciar-se com a tradicional cachupa - prato típico à base de feijão, milho e carnes.