Suspiro está nos últimos preparativos para entrar em cena, mas justo quando vai começar o espetáculo, a faxineira do teatro, palhaça Burbuja, o interrompe para fazer a limpeza do espaço. É neste molde singular que se desenha o espetáculo Pedra no Sapato. A montagem cênica ganha mais uma vez o palco do Teatro Sesc Emiliano Queiroz, amanhã, 15 de junho, encerrando a temporada de apresentações no equipamento.
Com ingressos vendidos a preços populares, de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), a peça será encenada às 20 horas, apresentando um universo mesclado de elementos circenses e de palhaçaria. Pedra no Sapato é fruto de intercâmbio de ideias entre os artistas Felipe Abreu (Brasil) e Romina Sanchez (Argentina). “Nos conhecemos em 2013, quando estávamos estudando no Rio de Janeiro. Desde então, começamos a trabalhar juntos, dividindo o palco e a vida”, relembra Felipe, intérprete do palhaço Suspiro, na peça.
Foi durante os trabalhos, que a dupla descobriu afinidades e interesses parecidos nas linguagens de circo, entre malabares e acrobacias. O trabalho começou na Lagoa Rodrigo de Freitas e pelas ruas da capital carioca. Desde então, os gostos particulares passaram a refletir nas montagens que fizeram surgir a Companhia Laguz Circo.
[QUOTE1]Em cena, os artistas brincam com situações simples como uma meia, roupas que se desenrolam, lixos que viram malabares e muitas outras situações resgatando as práticas antigas de “fazer graça”, inspirando-se em nomes, como Chaplin e Columbine. “A gente se alimenta desses grandes nomes, trazendo para um contexto atual, sem deixar de lado essas tradicionalidades, que são clássicas desse tipo de arte”, explica Felipe.
Na peça, os palhaços se comunicam essencialmente por meio da linguagem corporal, gestos e expressões acompanhadas pela trilha sonora instrumental feita especialmente para o espetáculo. Apesar de não conter fala, o público embarca na proposta da companhia, garante Felipe. “Um dos objetivos é mostrar para as pessoas que a gente pode criar situações engraçadas a partir de algo simples, e que elas têm seu valor”, destaca o ator.
O palhaço afirma que os simples elementos usados em cena são os artifícios principais para conectar o público com a história. O intuito é experimentar possibilidades estéticas, gerando no espectador novas referências de comédia, ressaltando a poesia sem a necessidade da voz. “O público esquece toda a modernidade e tecnologia que existe hoje e volta a se divertir em cima das pequenas coisas”, acredita.
A companhia tem no repertório duas montagens e planos de dar vida para outras narrativas futuras. Suspiros e Burbujas, a outra montagem da companhia, se adapta a qualquer lugar, tendo texto falado, além de contar com participação do público.
Embora se apresentem no palco, com cenário e outros elementos mais profissionais, Felipe acredita que as práticas circenses estão deixando se ser hereditárias, e passando a aparecer em pessoas que tem interesse pela arte, e desejo de transformá-la em profissão. “Hoje existe uma gama muito grande de atuação. A rua como palco, os vários espaços, e a quebra de padrões, permite que o palhaço faça sua arte em qualquer lugar”, analisa o artista.
PEDRA NO SAPATO
Quando: amanhã, 15, a partir das 20 horas
Onde: Teatro Sesc Emiliano Queiroz (avenida Duque de Caxias, 1701 – Centro)Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)