Até que a Sorte nos Separe, Candidato Honesto e Vestido para Casar são alguns dos filmes mais lembrados de Leandro Hassum, ator que ficou popular na televisão por conta do personagem Jorginho da série Os Caras de Pau, considerado o O Gordo e o Magro brasileiro. No cinema e na TV, Hassum se tornou reconhecido pelo humor.
O ator, por outro lado, demonstra estar aberto aos desafios. Ano passado, por exemplo, interpretou dr. Teodoro em Dona Flor e seus dois maridos. O papel, apesar de ter toques de humor, é desenvolvido de acordo com o drama da protagonista, vivida por Juliana Paes. Um primeiro passo que é refletido nos papeis que teve a seguir, como no filme Não se Aceitam Devoluções, longa de comédia, com traços dramáticos, que estreou na última quinta-feira, 31.
[QUOTE1]Hassum interpreta Juca, homem de vários relacionamentos que não se apega a ninguém. Ele, então, é surpreendido com a filha de uma das ex-namoradas. Ele vai para os Estados Unidos em busca da mãe, ao mesmo tempo em que se apega à criança. O filme, dirigido por André Moraes, é um refilmagem do longa mexicano feito por Eugenio Derbez. Em entrevista exclusiva ao O POVO, o ator comenta sobre seus desafios e futuro da carreira.
O POVO: O filme é uma adaptação de uma obra mexicana. O que vocês usaram do original para a versão brasileira?
Leandro Hassum: Ficamos com a premissa do roteiro e algumas situações cômicas interessantes. Outras também eram engraçadas, mas adaptamos para a nossa realidade brasileira.
O POVO: Quais foram suas influências para viver esse personagem Juca Valente, que deixa de ser irresponsável para ser um homem mais maduro?
Leandro: Minha influência na comédia sempre foi em Chico Anysio, Renato Aragão. Além disso, eu ainda levei a experiência de ser pai. Levei a carga da paternidade e, em uma história como essa, todos nós da produção comentávamos sobre o que faríamos diante de uma situação complicada como essa. Busquei essa relação e no mesmo instante ela veio com facilidade. E trouxe influências do roteiro, obviamente. Todo roteiro é maior que qualquer personagem, apesar das pessoas que esquecem disso.
O POVO: O filme tem alguns toques dramáticos. Como você lidou isso?
Leandro: Os comediantes possuem veias dramáticas de forma muito latente. Às vezes é mais simples para um comediante chegar ao drama, sem desmerecer os meus colegas que fazem arte dramática. Na comédia acreditamos tanto no nosso absurdo para que a piada funcione, que beiramos a emoção do trágico. Fica bem mais simples.
O POVO: Não se Aceitam Devoluções fala de família. O que você tirou da sua relação familiar para colocar no filme?
Leandro: O amor. Coloquei a memória afetiva daquilo que eu sinto por minha filha. Com isso, acabei me colocando na situação do personagem e no que ele sentiria.
O POVO: Você está morando em Orlando atualmente. O que tem aprendido da cultura americana que acredita que pode levar para os filmes nacionais?
Leandro: Isso é engraçado. Vou te falar que o brasileiro, sem dúvida alguma, é muito mais fácil de se fazer rir que o americano. Eu estou preparando um stand up comedy em inglês, tenho 15 minutos prontos já. Mas eu sinto que eles se divertem de uma forma diferente, a piada é mais metida a genial por aqui. Estou tentando me adaptar ao humor daqui ainda. Mas a gente faz humor muito bem no Brasil. Eles que têm que aprender. (risos).
O POVO: Atualmente vivemos um mercado brasileiro muito grande de franquias. Não se Aceitam Devoluções parece um filme único, de uma mensagem só. Existe possibilidades de uma nova franquia surgir?
Leandro: Eu realmente não sei. Fiz três Até que a Sorte nos Separe e O Candidato Honesto 2 tá chegando aí. Eu não acredito que esse (Não se Aceitam Devoluções) específico tenha continuidade. No entanto, se for pra trabalhar com os mesmos parceiros do primeiro filme em produção, direção e distribuição, eu volto, sim.
O POVO: Para esse ano você ainda lança O Candidato Honesto 2. Foi difícil trabalhar em dois personagens diferentes em um único ano?
Leandro: Vou te falar que tive a felicidade de trabalhar em três. Ainda temos o Chorar de Rir, outra produção de comédia. Eu gosto de ser workaholic, gosto de fazer personagens diferentes. Vivo uma paixão muito grande pelo cinema nacional. Então, não. Não foi difícil. Mas cansativo, sim.
O POVO: O diretor André Moraes começou a trabalhar recentemente na sétima arte. Como foi trabalhar com alguém que tem poucos filmes no currículo, diferente de você que lança vários trabalhos anualmente?
Leandro: Ele não tem um currículo de muitos filmes, mas vem de uma família de cineastas. Ele é um cara super experiente e, se duvidar, é mais inteligente do que eu para fazer cinema. Foi fácil até. Aprendemos juntos.
O POVO: O que aprendeu com a direção dele?
Leandro: Ele é um cara novo, um cara ágil. Aprendi que quando as coisas são mais leves, tudo fica mais tranquilo. Seguimos a mesma linha e não tivemos problemas. Foi muito gostoso trabalhar com ele.
O POVO: Quais são os planos para o futuro?
Leandro: Continuar levando muita risada para a televisão, teatro, cinema e outras mídias. O brasileiro precisa rir e se emocionar mais.
O POVO: Seu novo filme é uma versão de um filme mexicano. Estamos com poucas ideias de comédia para contar?
Leandro: Não acho que tem nada a ver não. Histórias boas temos que estar sempre contando. E essa história sobre um pai que ganha uma filha e depois querem pegá-la de volta é uma excelente história. Tínhamos que contá-la do nosso jeito.
O POVO: Você tem planos de dirigir no futuro? Quais são as ideias de direção que você tem?
Leandro: Sim, tenho planos de dirigir em breve. E pra começar com o pé no chão eu prefiro realizar uma comédia.
O POVO: E novos dramas?
Leandro: Eu gosto de pensar em projetos bacanas, independente do gênero. Se for para interpretar um matador serial killer e eu for me divertir, com certeza eu vou fazer. Não estou preso a nenhum gênero.
O POVO: O que falta no cinema brasileiro?
Leandro: Investimento e apoio. Sempre precisaremos disso no Brasil, infelizmente.