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Vai uma capulana aí?
Vida & Arte

Vai uma capulana aí?

| CAPULANA | O colorido das estampas que remetem ao continente africano encontra-se presente nos tecidos e fazendo parte do vestuário da moda local com suas releituras
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Colorida e repleta de história e tradição, a capulana é um tecido intrinsecamente ligado à cultura africana. Usada de diversas formas, no dia a dia ou em cerimônias específicas (casamentos, funerais, rituais religiosos, etc.), alguns registros dão conta de que seu surgimento no continente remonta os séculos IX e X, sendo inicialmente utilizada como moeda de troca por comerciantes. Na África, especificamente, o nome do tecido varia de região para região, podendo ser chamado de "kitenge" (ou "chitengue"), "pano de pinte" ou mesmo "canga". Países como Moçambique têm na capulana um de seus maiores polos, mas atualmente o tecido encontra-se difundido pelo mundo.

 

A venda da capulana acabou sendo o ganha-pão de Lita Stephany, 30. Há 10 anos, a guineense saiu de Bissau para morar em Fortaleza. "Vim para estudar Computação, mas depois mudei para Recursos Humanos. Cheguei com 19 para 20 anos e lá vivia só de mesada dos meus pais", conta ela, à frente da RModa Africana. A loja física, localizada no bairro Antônio Bezerra (próximo ao Terminal), existe há cerca de um ano e meio, tendo como principal matéria-prima o tecido capulana para a confecção de roupas e acessórios diversos.
[SAIBAMAIS]

"Lá, a gente tem o costume de vestir blusa e calça com a mesma estampa. Não tem isso de ser para homem ou mulher, não tem gênero. Aí, quando cheguei aqui, as pessoas ficavam chamando a minha roupa de pijama! (risos) Chamava muita atenção lá na faculdade! Como eu trouxe muita coisa de tecido, comecei a vender a capulana - que a gente chama de pano mesmo - porque as pessoas começaram a perguntar: 'Por que tu não me vende?', 'Vende pra mim também!' E foi assim que começou", lembra.

 

Com a capulana, Lita possui um mostruário diversificado de peças, que vão dos vestidos (R$ 120) - a maior venda da loja - aos brincos confeccionados por ela (entre R$ 10 e R$ 15), blusas masculinas (de R$ 60 a R$ 90) e macacões, além do próprio metro de tecido (R$ 30). Na confecção das roupas, Lita lança mão de uma costureira, que faz tudo manualmente. "Também vendo as roupas sob medida e enviamos para outros estados", adianta a guineense, que também mantém uma outra loja em Belo Horizonte (MG).

 

As estampas, sem dúvida, são o ponto forte. Vão dos grafismos a desenhos variados que possuem um significado maior, além do aparentemente visual. "Tem algumas capulanas que possuem desenhos que contam uma história importante para nós. Essas, lá no meu país, são mais caras porque têm mais histórias. Mas aqui eu vendo do mesmo preço... Outras, como essa aqui (aponta para uma estampa), nós chamamos de tecido de Gana. Existem alguns tecidos como esse que eu uso para fazer quadros porque a maioria é pintada a mão, é muito bonito. O que eu trago custa US$ 10 o quilo porque agora tem escala".

 

Lita integra a Rede Kilofé de Economia de Negras e Negros do Estado do Ceará e, aos domingos, também expõe e comercializa suas peças na feirinha Fuxico no Dragão (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).

 

RModa Africana

Endereço: av. Mister Hull, 5650 B - Antônio Bezerra

Funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 17h; aos sábados, das 8h às 14h

Info: (85) 98625 6676

 

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@rmodaafricana (Instagram

 

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