"Escrever um álbum é como estar no divã", diz o cantor Jão, 24 anos. Ele acaba de lançar o disco Lobos, pela Head Media e Universal Music Brasil, o primeiro da carreira. Revelação do pop brasileiro, canta medos e inseguranças para a geração do amor líquido. E, no próximo dia 3 de outubro, traz o novo show para Fortaleza.

Lobos saiu em 17 de agosto com 10 faixas, todas escritas por Jão. Dessas, nove são em parceria com o compositor Pedro Tófani, que também dirigiu o clipe de Vou Morrer Sozinho. O single chamou atenção do público e da crítica, rendendo bons números de streaming e o topo entre assuntos comentados nas redes sociais.

Na música que é um hino de sofrência para as pistas, Jão abraçou as referências do brega e do funk. Na apaixonada Me Beija com Raiva, o artista se rendeu ao sertanejo universitário. A mistura deságua em um pop "com a cara do Brasil", como ele gosta de dizer. O primeiro cartão de visita é uma das 50 mais tocadas no Brasil no Spotify.

Uma das primeiras músicas escritas para o disco, a faixa-título reflete o sentimento de liberdade que o cantor e compositor queria expor ao abrir suas confissões para o público. "Eu queria falar sobre todo tipo de sentimento e não só os bons porque na vida muita coisa acontece. São sentimentos pesados, mas é importante contar essas histórias", explica. "O valor do álbum é aceitar que problemas existem".

Nascido em Américo Brasiliense, interior de São Paulo, Jão faz parte de uma geração de artistas da música pop que surgiu no YouTube - de Justin Bieber a Anitta, a lista é extensa. Aos poucos, foi mostrando o trabalho autoral para o público. Em novembro de 2017, lançou a dobradinha Álcool e Ressaca.

Foi Imaturo, lançada em janeiro deste ano e com mais de 17 milhões de visualizações no YouTube, a responsável por abrir as portas para a gravadora. "Eu sempre fui introspectivo e nunca gostei muito de falar dos meus sentimentos. Sempre fui o amigo que aconselhava. Foi difícil escrever um álbum tão aberto ao confessional", afirma. "Quando vi as pessoas curtindo e ressignificando as músicas, passou na hora toda minha insegurança".

Conceitualmente, expor toda essa fragilidade colocou Jão na contramão do que vem sendo feito na música pop nacional. Enquanto os discursos são de empoderamento e autoestima, Jão se atém aos próprios conflitos. "É importante o que está acontecendo musicalmente no Brasil, mas acredito que só vamos ter uma noção completa disso daqui a alguns anos. Foi egoísta a escolha de falar sobre os meus sentimentos".

Show do cantor Jão em Fortaleza

Quando: 3 de outubro

Onde: Theatro Via Sul ( Avenida Washington Soares, 4335)

Ingressos: R$ 35 e R$ 40 (valor de meia)

Faixa a faixa

Vou Morrer Sozinho

"Queria imprimir esse sentimento de sarcasmo e drama. É natural que tenha sido o primeiro single".

Me Beija com Raiva

"Foi uma das mais desafiadores pra mim porque teve várias versões. Eu levava um dia inteiro pra gravar e atrasava outras músicas".

LINDO DEMAIS

"Queria muito fazer a parte do coro, mas ainda não tinha ficado tão natural. Um dos produtores tava num bar perto do estúdio e tava todo mundo bêbado. A gente chamou pra gravar e deu tudo certo".

Imaturo

"Gosto porque tem uma inocência nela. Era o ponto de partida do disco e abriu muitas portas pra gravar o álbum".

Ainda Te Amo

"A gente queria muito fazer voz e violão pra ser uma coisa bem crua, sabe? É uma das mais dramáticas.

A Rua

"Foi uma das últimas a entrar. Batalhamos, escrevemos e fizemos a primeira produção dela em 24 horas com um prazo super apertado".

Lobos

"Gosto muito da mensagem de liberdade que tem no álbum inteiro. Gosto de elementos que remetem a esse imaginário do lobo.

EU QUERO SER COMO VOCÊ

"É a única música que não é tão intensa. É um momento de respiro do disco".

Aqui

"Foi uma forma de querer aproximar o Brasil e Portugal. O Diogo Piçarra é muito talentoso, a voz dele é impecável e acrescentou muito.

Monstros

"Eu sempre soube que seria a última. Era minha história ali, sabe? Foi a única música que minha mãe chorou".